quarta-feira, 10 de novembro de 2010

14. TEMA 9 - "A CIÊNCIA E A MODERNIDADE"

Caros alunos,
Leia o texto: “Um Discurso Sobre as Ciências”, de Boaventura de Souza Santos (disponível em: http://search.4shared.com/search.html?searchmode=2&searchName=SANTOS%2C+Boaventura+de+Souza.+%28org.%29.+A+globaliza%C3%A7%C3%A3o+e+as+ci%C3%AAncias+sociais ). Elabore um comentário e envie para postagem. Vc. tem até o dia 18 de novembro para realizar essa tarefa.

EXAMINE O MATERIAL DISPONÍVEL EM:

http://www.youtube.com/watch?v=p7Jnm85ukow

http://www.youtube.com/watch?v=InZ916_1uBU

 

31 comentários:

  1. ALGUMAS IDÉIAS DO TEXTO:
    “Um Discurso Sobre a Ciência” de Boaventura de Souza Santos
    1. INTRODUÇÃO:
    Vivemos um período de transição: a potencialidade da tradição tecnológica do conhecimento acumulado nos faz crer que estamos no limiar de uma nova sociedade de comunicação e interação.
    Tempos de transição são ambíguos (descompassados naquilo que os constituem) e complexos (coisas que estão além e aquém do presente).
    Para entender tempos de transição é preciso elaborar perguntas simples, mas que hoje demandam respostas complexas.
    A Ciência tem contribuído para essas respostas? O fato é que há uma ordem científica hegemônica. Essa Hegemonia está em crise. Há uma nova ordem científica emergente:
    1. Não tem mais sentido a distinção entre Ciências Naturais e Ciências Sociais;
    2. As Ciências Sociais são o pólo catalisador da nova síntese emergente;
    3. As Ciências Sociais terão que recusar todas as formas de positivismo lógico ou empírico ou de mecanicismo materialista ou idealista com a conseqüente revalorização das humanidades ou estudos humanísticos;
    4. A nova síntese não visa uma ciência unificada ou teoria geral, mas só um conjunto de galerias temáticas;
    5. A distinção hierárquica entre Conhecimento Científico e Conhecimento Vulgar tenderá a desaparecer.
    2. O PARADIGMA DOMINANTE:
    A Revolução Científica do sec. XVI desenvolve um modelo racionalidade baseado nas Ciências Naturais. Essa racionalidade científica é totalitária (nega o caráter racional àquelas modalidades de conhecimento que não se pautam por seus princípios epistemológicos e regras metodológicas.
    A racionalidade científica distingue entre conhecimento científico e conhecimento de senso comum, entre natureza e pessoa humana.
    O conhecimento científico se concretiza no estabelecimento de leis universais (pois a realidade é controlada pelo princípio de causalidade) e pelo isolamento das condições iniciais.
    Para esse paradigma da Ciência, as Ciências Sociais são empíricas (física social) ou tem um estatuto metodológico próprio (ação humana é subjetiva e passível de diferentes interpretações).
    3. A CRISE DO PARADIGMA DOMINANTE:
    1. O modelo de racionalidade dominante está em crise profunda e irreversível (a industrialização das ciências, os interesses econômicos e a proletarização dos cientistas);
    2. A revolução científica atual se iniciou com Einstein e a mecânica quântica e não se sabe quando acabará (implica no questionamento dos conceitos de Lei e Causalidade);
    3. É possível especular sobre o paradigma que emergirá.

    4. O PARADIGMA EMERGENTE:
    O Paradigma Emergente é o paradigma de um conhecimento prudente (não apenas científico) para uma vida decente (paradigma social).
    1. Todo conhecimento científico-natural é científico-social: superação das distinções entre natureza/cultura, natural/artificial, vivo/inanimado, mente/matéria, objetivo/subjetivo, coletivo/individual, animal/pessoa, matéria/consciência. Nessa superação tem prevalecido os modelos explicativos das Ciências Sociais, com especial referência aos modelos hermenêuticos de Ciências Sociais.
    2. Todo conhecimento é local e total: as novas categorias para entender o conhecimento são totalidade universal e indivisa que são adotados por grupos sociais concretos como projetos de vida locais. A nova fragmentação do conhecimento não é disciplinar, mas temática. A ordem é transgredir o método (entrevistar pássaros, fazer observação participante com computadores, escutar figuras geométricas, medir o formato de notas musicais etc.)

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  2. continuação:

    3. Todo conhecimento é auto-conhecimento: o conhecimento científico é identificado como um sistema de crenças; não é melhor que a metafísica, a religião, a arte ou poesia. O paradigma emergente é mais contemplativo que ativo.
    4. Todo conhecimento científico visa constituir-se em Senso Comum: Nenhuma forma de conhecimento é em si mesma racional, só a configuração de todas elas é racional. O conhecimento científico há que dialogar com todas as formas de conhecimento, em especial com o conhecimento prático (senso comum). Não se trata mais de saltar do Senso Comum para a Ciência, mas da Ciência para o Senso Comum. O Senso Comum expressa a sabedoria de vida que se caracteriza pela prudência (insegurança assumida e controlada).

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  3. Como visto no livro de Alexandre Koyré, Do mundo Fechado ao Universo Infinito, o nascimento da física moderna marca a Revolução Científica no sec XVII. De Copernico, Kepler, Galileu a Newton, percorrendo o caminho do “Século da Luzes”, desembocando no século posterior, com Comte e a idéia de uma ciência social nos moldes de uma “física social”, como se fenomenos sociais fossem naturais. A ciência passa a encarar de vez a vida humana, tentando exercer o mesmo controle na natureza no campo social.

    Só que em 1905, Albert Einstein jogou uma verdadeira bomba atômica nas estruturas dessas concepções científicas, abalando-as. Sua Teoria da Relatividade revolucionava os conceitos de Tempo e Espaço, explicava que a simultaneidade de acontecimentos no mesmo lugar e em locais distantes como algo relativo, não obtendo sempre o mesmo resultado, mostrando que a Mecânica newtoniana era inválida para algumas situações. Concluia-se então que, fenômenos físicos-matemáticos, outrora quantificáveis e previsíveis, tinham estrutura explicativa cheia de meandros tanto quanto o que conhecemos por ciências sociais.

    Com essas e outras constatações fazem Boaventura de Sousa Santos, em sua obra “Um Discurso Sobre as Ciências”, dizer que as ciências se encontram em crise. A Teoria da Relatividade de Einstein foi só o primeiro golpe demonstrando as concepções arbitrárias da matematização científica, aflorando em seguida análises sociológicas/epistemológicas do valor/estatuto da ciência. Pode-se dizer que a ciência feita até então elaborava um conhecimento profundamento limitado por critérios de cientificidade, por regras metodológicas, por especificidades tolas estipuladas antes que só distorcem e isolam o conhecimento pleno. Socialmente, há de se fazer diversas reflexões, hoje em dia, por exemplo, o homem, ao procurar incessantemente avanço, está cada vez mais escravo da ciência/tecnologia, sua aplicação cada vez mais catastrófica (bomba atômica Irã, aquecimento global e etc) e o desnível social só se intensifica. Em tempos modernos, a maneira como a ciência, a sociedade e o conhecimento em geral foram racionalizados parecem acarretar insatisfação no viver humano. Frustração e alienação. Será esse o único tipo de ciência a se fazer?

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  4. (cont.)

    Para Boaventura não. Segundo ele há uma nova visão científica emergente. A Sociedade Moderna, em um mundo globalizado e a sua grande explosão na área de comunicação e informação retrata um mundo em que as diversas disciplinas, antigamente conflitantes, interagem agora, reinventando seu sentido, criando um novo modelo de ciência mais ampla e universal, um modelo que privilegie a conciliação dos diversos campos científicos humanos (sejam as sociais, humanas, naturais, biológicas, exatas, tecnológicas e o escambau...). Principalmente o modelo das ciências naturais deve interagir com o modelo próprio das ciências sociais, resolvendo suas dicotomias, ressaltando o lado humanístico da ciência natural. É preciso então dissolver as fronteiras do conhecimento, fronteiras vindas da especialização-técnica-peonizante, é preciso então se interligar as diversas disciplinas, criando novas metodologias se preciso. Na nova ciência, deixar de fora, não transparecer o lado humano é alienar a própria condição humana, sabendo que o propósito da nova visão científica é imergir, valorizando todo o tipo de conhecimento. O conhecimento científico deve ter papel ativo na vida humana, a rigorosidade científica deve por finalidade virar um senso comum, sabendo que o que formualamos cientificamente é importante para o viver humano. Afinal, somos nós que determinamos a cientificidade das coisas, dando sentido a ela. Enfim, através de nossos múltiplos interesses humanos devem ser ressaltados em pró de uma vida decente, satisfatória, interessante.

    E mais ou menos com esse espiríto funda-se o BC&H na UFABC. A Universidade do Séc. XXI, não? Agora é seguir caminhando e cantando e seguindo a canção.

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  5. Boaventura de Souza Santos, em sua obra “Um discurso sobre as ciências”, apresenta um novo modelo de ciência, o qual tem como característica a superação das distinções entre as ciências naturais e humanas, neste novo modelo a uma mudança de foco em relação ao anterior como ele diz: “Hoje não se trata tanto de sobreviver, mas como de saber viver”.
    Ele definiu o paradigma dominante, como a ordem cientificamente dominante, que teve sua origem na Revolução Cientifica do século XVI e se consolidou durante o século XIX, tal ordem segundo o autor é um modelo totalitário, marcada pela separação entre o conhecimento cientifico e o senso comum e ao distanciamento entre natureza e pessoa humana.
    Tal paradigma entre em crise, a mecânica quântica, transformou o mundo concebido pela mecânica newtoniana, de um mundo com fenômenos observáveis previsíveis, em um mundo com fenômenos incertos.
    No decorrer do século XX a ciência se torna agenda de política de Estado, surge um elitismo dentro da comunidade cientifica, o avanço da ciência gera uma especialização da ciência, que o conhecimento acaba por se tornar inacessível a maior parte da população.
    Assim o mundo em que vivemos é marcado por uma fase de transição, e a sociedade caminha para o que ele definiu como paradigma emergente, novo modelo cientifico.
    Marcado pelo fim da distinção entre ciências naturais e humanas, as ciências humanas apresenta papel fundamental, pois os fenômenos naturais serão estudados como fenômenos sociais. “A ciência pós-moderna sabe que nenhuma forma de conhecimento é, em si mesma, racional; só a configuração de todas elas é racional.” Desta forma busca dialogar com todas as formas de conhecimento, e a mais importante de todas é o senso comum.
    A ciência do paradigma emergente é marcada por “... um conhecimento compreensivo e íntimo que não nos separe e antes nos uma pessoalmente ao que estudamos”.

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  6. De acordo com o propósito do tema abordado no texto indicado: “Um Discurso Sobre as Ciências”, de Boaventura de Souza Santos e a partir do vídeo sugerido do Programa Extraclasse, percebe-se que o autor volta-se para a análise da propagação de uma sociologia que busca enaltecer as experiências humanas que parecem simbolizar os valores gerais, revelando a evolução do método científico que por sua vez possibilita a obtenção de um novo conceito sobre as ciências naturais e as ciências sociais. Além disso, consta na obra uma “inquietação” em relação ao papel que a ciência da atualidade desempenha, assim como o contexto científico abordado e quais serão as perspectivas que teremos no futuro, já que vivemos em uma fase de constante transição do pensamento de ciência como um todo.

    O paradigma dominante citado por Boaventura está relacionado com o processo de racionalidade, que não estava tão habituado com as ciências naturais, apontando a forma exclusiva de adquirir o verdadeiro conhecimento com a utilização da epistemologia e da metodologia. Não reconhece as suposições interligadas à experiência imediatista e também ao senso comum, examinando a natureza e os fenômenos decorrentes dela para saber controlá-la através de processos de análise e experimentação que se davam pela matemática, desencadeadora de um conhecimento mais detalhado, aprofundado e cauteloso que sustenta a idéia de hegemonia da ciência moderna.

    O autor afirma que com esta mentalidade seria possível descobrir as leis que regiam a sociedade, do mesmo modo como foi provável o surgimento das leis da natureza; entretanto, diferentemente do processo de aplicação das normas naturais, dentro do padrão social seriam fortemente defendidos os princípios da epistemologia e da metodologia ou como o próprio autor diz seria um tipo de: “especificidade do ser humano e sua distinção polar em relação à natureza”. Seria preciso partir da metodologia e dos processos epistemológicos porque existe a subjetividade da ciência social, que não pode ser analisada de forma igual a que se explica a natureza, que possui características superficiais.

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  7. Continuação...

    O ponto crítico desse paradigma é o modo como ocorre a adaptação das teorias (originadas da ciência natural) e das circunstâncias de valor social. Conforme Boaventura relata, os principais fatores que contribuíram para a queda da hegemonia seriam as descobertas, o forte reconhecimento e o avanço de algumas teses de peculiaridades naturais, como a teoria da relatividade de Einstein, que ajudaram na reflexão da nova perspectiva para o conhecimento científico que estava baseado no progresso da especialização do conteúdo da ciência moderna.

    Outro paradigma abordado é o emergente, que segundo o autor seria um “paradigma de um conhecimento prudente para uma vida decente”, um sistema idealizado pela atribuição da relação entre conhecimento científico natural e social, que visava a construção e a consolidação do senso comum, principal conciliador das várias fontes de conhecimento, projetando assim a ciência pós moderna.

    Para concluir, acredito que Boaventura de Souza Santos apresenta um novo conceito do conhecimento científico, buscando uma relação harmônica entre as ciências naturais e as sociais, ou seja, a inserção de termos comuns as duas para assim obter um melhor entendimento sobre a cultura e a conduta humana, a fim de atingir uma aproximação do que sugerimos ser a realidade universal.

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  8. No texto proposto, o autor Boaventura de Souza Santos começa falando da evolução da sociedade como um todo, como se estivesse ocorrendo certa “transição” entre tempos, uma grande mudança em diversos aspectos.
    Ele começa falando de um “paradigma dominante”, que seria a ordem das ciências sociais que tomou força e se instalou. Tal modelo considerava que a ciência fosse feita com certo rigor, com métodos, ou seja, nem todo conhecimento era ciência, para o ser, deveria seguir determinados padrões e metodologias. Dessa forma, a ciência isola-se das outras formas de apreender o mundo.
    Segundo o autor, esse modelo entra em crise porque não acompanha as mudanças da sociedade, as inovações que foram sendo introduzidas ao longo dos anos. Nesse âmbito, as revoluções científicas contribuíram em grande escala para a ocorrência de tais mudanças e inovações.
    Dentro do contexto, Boaventura de Souza Santos fala da necessidade de uma reestruturação no modo como as ciências sociais são tratadas. Deve-se considerar as mudanças do mundo e utilizar-se uma nova maneira de apreensão do conhecimento científico, não apenas com base nas metodologias, mas construir uma nova concepção de ciência. Com isso, o pensador afirma que há um “paradigma emergente”, uma forma que englobe o mundo de formas diferentes do tradicional, uma forma que integre diversas áreas do conhecimento, incluindo, inclusive o senso comum, acontecimentos diários.

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  9. No texto Um Discurso Sobre as Ciências, Boaventura nos apresenta o paradigma dominate , que é como ele define o método de estudo da ciência hegemônico na época. Esse método é baseado nas idéias de Aristóteles , onde há uma analise das coisas focando apenas o que elas realmente são , o que podemos ver delas, separando diversos tipos de ciências , não permitindo que elas evoluíssem interligadas . Afirmando que esse método não acompanha o avanço da sociedade ele diz que o paradigma dominante entrou em crise , e deveria ser criado um novo “modelo” de estudo científico.
    Defendendo essa reforma no método de estudo da ciência ,o autor afirma que ao invés de analisarmos somente o produto final teríamos que analisar a coisa como um todo , até mesmo o que não pertence diretamente a ela para podermos chegar no resultado final .
    Nessa nova sociedade que vem sendo construída também é necessário que se concilie diversas áreas da ciência, levando de certa forma a ciência a um senso comum, criando uma ciência universal, pois com o compartilhando de informações de diversas áreas podemos criar melhores condições para conseguirmos resultados muito mais abrangentes de nossos estudos, resultados que possam explicar de forma mais satisfatória a relação dos objetos com o ambiente em que vivemos.

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  10. Boaventura de Souza Santos em seu texto: “ Um Discurso Sobre as Ciências” expõe o momento em que a sociedade - através da interferência da ciência – encontra-se. A tecnologia alcançada e imensamente incorporada ao nosso cotidiano faz-nos crer que estamos prestes a obter uma nova sociedade tão ligada à comunicação quanto à interação, que toda a tecnologia pode “atrair” ao longo da história. Para o autor nossa sociedade vê-se envolta em uma transição, que gera um desconforto aos indivíduos que enxergam tal transição, “verificamos com surpresa que os grandes cientistas que estabeleceram e mapearam o campo teórico em que ainda hoje nos movemos viveram ou trabalharam entre o século XVIII e os primeiros vinte anos do século XX, E se, em vez de no passado, centrarmos o nosso olhar no futuro, do mesmo modo duas imagens contraditórias nos ocorrem alternadamente. Por um lado, as potencialidades da tradução tecnológica dos conhecimentos acumulados fazem-nos crer no limiar de uma sociedade de comunicação e interativa”. Tal situação exposta anteriormente se apresenta aos olhos do autor como uma realidade complexa e ambígua que gera um descompasso “em relação a tudo o que o habita”, em épocas como essa têm-se portanto que nos atentar a elaboração de perguntas simples, como as que uma criança é capaz de produzir que assim seriam resolveriam as questões mais complexas; como qual a relação entre ciência e virtude? O que seria melhor o conhecimento vulgar mais popular ou o que é produzido por poucos, muitas vezes inacessíveis? Entre outras.
    Há com tudo isso uma sensação de perda irreparável, pois não sabemos o que se pode perder nem que rumos irão derivar-se dessa transição.
    A ciência moderna atual teve o início de sua racionalidade na revolução científica do século XVI e XVII, sendo desenvolvido nos posteriores séculos, esse modelo prega o domínio das ciências naturais através de um refinado conhecimento da natureza, predominado a experimentação e/ou observação da natureza e dos fenômenos. Seu principal instrumento é a matemática, pois dela derivam a lógica da investigação e um modelo para representar a estrutura da matéria. Esse seria o paradigma dominante ao qual seus adeptos, além das considerações citadas, atribuíam relevância cientifica apenas ao que fosse quantificável. A hegemonia da ciência está ameaçada, a crise do paradigma, que pôde ser gerada através do próprio conhecimento por ela proporcionado, pois o conhecimento profundo deixou clara a fragilidade que a sustentava. Entre esses conhecimentos estão: a teoria da relatividade de Einstein, a mecânica quântica de Bohr e Heisenberg, a demonstração da incompletude da matemática Gödel e a ordem apresentada por Prigogine a partir da desordem. Nesse sentido o autor aponta um paradigma emergente o qual fundamenta-se em um “paradigma” social e científico do conhecimento, que são justificados por os seguintes princípios: o conhecimento cientifico - natural é cientifico – social; todo conhecimento é local e total; todo conhecimento é autoconhecimento e todo conhecimento científico visa se construir em senso comum, ou seja, um “paradigma de um conhecimento prudente para uma vida decente”.
    *Profº Tive alguns imprevistos, me desculpe pela uma hora de atraso!

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  11. Boaventura Sousa Santos em sua obra “Um Discurso Sobre as Ciências”, nos apresenta uma visão da realidade científica que se desenvolveu nos últimos séculos e a que está se desenvolvendo.

    Para o autor, desde o século XVI, as descobertas científicas dentro do que classificamos como ciências naturais, conduziram o modo como se tratou e ainda se trata o conhecimento científico, com seus métodos e sua racionalidade, concedendo às tais ciências naturais um patamar de superioridade dentro no meio científico, em detrimento das ciências sociais e humanas e as outras formas de conhecimento.

    O paradigma científico que imperou até o século XX é classificado pelo autor como dominante, enquanto o novo paradigma que surge é o emergente. O paradigma emergente é a tendência observada pelo autor, em que todas as formas de conhecimento e de obtenção do mesmo devem ser consideradas, em que o foco do conhecimento deve ser não somente científico, mas sim de utilidade ao bem estar da vida humana.

    Portanto, o primeiro passo dado em relação ao novo paradigma é considerar que não existe diferença entre o estudo das ciências naturais e as ciências sociais: "A distinção dicotômica entre ciências naturais e ciências sociais deixou de fazer sentido".

    Para esta busca de um conhecimento mais amplo e universal, é necessária a conciliação das diversas áreas da ciência (naturais, sociais, humanas), que devem ser estudadas de maneira interdisciplinar e transdisciplinar.

    Outros pontos a serem salientados nesta nova forma de entender o conhecimento são: a não existência de fronteiras entre o conhecimento e o autoconhecimento, ou seja, também neste ponto a não distinção entre o sujeito e o objeto, pois estes se relacionam e fazem parte do todo e, por fim, a idéia de que todo o conhecimento científico deve tornar-se senso comum, pois o senso comum possibilita que as diversas formas de conhecimento orientem as ações do ser humano através de suas interações, dando sentido à vida, segundo o autor:
    "A ciência pós-moderna, ao sensocomunizar-se, não despreza o conhecimento que produz tecnologia, mas entende que, tal como o conhecimento se deve traduzir em auto-conhecimento, o desenvolvimento tecnológico deve traduzir-se em sabedoria de vida."


    Obs. Professor, desculpe o atraso na postagem, tive problemas nesta semana e inclusive não pude participar das aulas.

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  12. Na primeira aula da disciplina Problemas Metodológicos das Ciências Sociais, analisamos um texto em sala que despertou bastante indignação por parte dos alunos: “O que é Ciência” de Paul Davies. Observamos nele que ciência e conhecimento científico eram bem restritos e para assim classificar tinham que passar por uma fina “peneira”. Agora, com Boaventura de Souza Santos temos a resposta às nossas reclamações. Ele diz que não, ciência não deve ser tão restrita e excludente.
    Ele critica também o paradigma dominante (a ordem científica dominante) que é o modelo de racionalidade construído desde o século XVI e estabelecido no século XIX. Esse modelo propunha atingir o conhecimento verdadeiro através da aplicação de princípios epistemológicos e regras metodológicas, e que tinham a observação científica sistemática e rigorosa como importante ferramenta.
    A ciência moderna passou então a penetrar o campo do comportamento social. E procurou descobrir leis da sociedade, assim como descobriam as leis da natureza.
    Assim, em meados do século XIX, surgem as chamadas ciências sociais, as quais assumiriam duas vertentes distintas para estudo da mesma: a primeira considerava ciências sociais como extensão das ciências naturais na questão dos princípios epistemológicos e metodológicos (igualava-as). A segunda estabelecia uma metodologia própria para as ciências sociais, diferente das naturais. Essa segunda vertente indiciaria a crise desse paradigma dominante, hemogênico e totalitário.
    Boaventura destaca quatro condições teóricas que contribuíram para a crise do paradigma dominante: a teoria da relatividade de Einstein; a mecânica quântica; o questionamento do rigorismo matemático; o avanço do conhecimento nas áreas da microfísica, química e biologia na segunda metade do século XX.
    O autor então propõe um paradigma emergente, “paradigma de um conhecimento prudente para uma vida decente”, baseado na inter-relação entre ciências naturais e sociais. Propõe quatro princípios sobre o conhecimento:
    todo conhecimento científico-natural é científico-social;
    todo conhecimento é local e total;
    todo conhecimento é autoconhecimento;
    todo conhecimento científico visa constituir-se em senso comum.
    Esse paradigma apoia estudos interdisciplinares acadêmicos e institucionais, a conciliação entre diversas áreas das ciências existentes hoje, assim como os realizados na nossa universidade, UFABC, mostrando-nos que estamos então um passo a frente das outras instituições na inserção desse novo modelo de racionalidade.

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  13. Este comentário foi removido pelo autor.

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  14. Boaventura de Souza Santos começa no seu texto a descrever a situação atual das ciências, e como elas estão se direcionando para uma alteração na sua própria base.Ele diz que agora é o momento para voltarmos a fazermos perguntas simples, que como Rousseau fez no livro "Discours sur le Sciences et les Arts"(1750),por exemplo a de que se há relação entre ciência e virtude.Porém Rousseau respondeu de forma simples essas perguntas, e agora devemos procurar respostas mais complexas.
    Para ele, como para Hobsbawm, as ciências modernas, apesar de seus frutos terem ajudado de diversas maneiras a humanidade,agora estão causando um desconforto profundo na mente humana, e isto acarretará na mudança do paradigma atual.
    É necessário que acabemos com a diferenciação entre ciências naturais e humanas, e que as duas vertentes do paradigma atual não são capazes de fazê-lo, porém uma delas possui certos pontos que podem ser considerados para um novo paradigma.
    A primeira variante do paradigma dominante é a de que as ciências humanas devem serguir a metodologia das ciências naturais, equanto que a segunda variante diz que é necessário uma abordagem diferente às ciências humanas.
    É inevitável a mudança do paradigma atual para um novo, a crise no paradigma dominante é irreversível.Essa crise levara a queda dos fundamentos do paradigma dominante.

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  15. A ciência, nos dias atuais, segundo Boaventura de Souza Santos é apenas mais uma linguagem criada com o intuito de produzir uma interpretação coerente (dentro de certos princípios da realidade).
    A hierarquia imposta a partir do século XVI com as obras de Francis Bacon e René Descartes e depois no século XIX com a institucionalização do Positivismo colocaram o conhecimento científico em um patamar superior na hierarquia dos saberes.
    A própria noção da ciência positiva proposta por Auguste Comte, que parte do pensamento religioso e metafísico ao pensamento positivo, racional, dominado pelos fatos e pela previsiblidade é um das bases deste discurso da superioridade do pensamento científico.
    Porém, a partir da obras de Albert Einstein, colocou-se em xeque a previsibilidade e a confiança plena na ciência natural.
    Aliás, distinções entre ciências naturais e sociais ou até mesmo em relação a qualquer outra forma de conhecimento, tendem a se tornar obsoletos com a formação de uma nova sociedade que vem se construindo atualmente com inovações tecnológicas que influem, direta e indiretamente no ritmo da sociedade contemporânea.
    As ciências tendem, também, a se enquadrar cada vez mais ao senso comum. Ao contrário do pensamento que se tinha que desconsiderava todo aquilo que não era ciência. Hoje, deve-se estudar um fato/fenômeno através de diversos pontos de vista e de conhecimento.
    A ciência não dá conta de explicar e interpretar uma série de experiências como aquelas descritas pelas artes e pela própria religião. Há que se abandonar uma visão uniliateral dos fatos para se começar a entender que um mesmo fenômeno pode ser visto por diferentes ângulos e transcritos em diversas linguagens.

    Professor, tive uns problemas com a polícia e só agora pude postar.

    Abraços.

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  16. Desculpe pelo atrazo, foi devido a problemas técnicos.
    O texto de Boaventura de Souza Santos trata do periodo de transição entre a união das Ciências Naturais e as Ciências Sociais , assim sendo um periodo de ambiguidades e muitas dúvidas aonde perguntas simples gerariam respostas complicadas.Sendo qeu as Ciências Sociais estão quebrando o modelo tradicional baseado na racionalidade e na obtenção de respostas por experiencias isoladas e expecíficas, em quanto que na ciência social se baseia no empirismo (física social)ou tem uma metodologia própria.
    A válvula para esta revolução de acordo com o autor esta no modelo de ciência industrializada que visa a proletarisação científica , junto com a quebra do antigo modelo de racionalidade ; seu percursor sendo Eistein com a mecânica quantica e além disso especulações sobre o paradigma de emergirá que se baseia em um conhescimento prudente , que não seria apenas ciêntífico para uma vida descente .

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  17. Em “Um Discurso Sobre as Ciências” Boaventura fala sobre o avanço da tecnologia e como sua inserção nessa sociedade gera um desconforto nos indivíduos, causado pela sensação de que estamos constantemente em um período de transição.
    Para o autor há nesse processo perdas constantes, devido as incertezas em torno do avanço científico.
    No texto analisado, o autor apresenta a crise do paradigma que separa conhecimento científico e senso comum, que tiveram origem na Revolução Científica do século XVI, pois esse não acompanha as mudanças na sociedade e as constantes inovações que surgem.
    Propõe uma ciência que supera as distinções entre naturais e humanas, ressaltando que os fenômenos naturais devem ser entendidos como fenômenos sociais, há termos comuns que possibilitam um melhor entendimento do quadro e uma aproximação mais digna do que seria uma realidade universal.
    Por fim, vale a pena citar seus princípios sobre o conhecimento: todo conhecimento científico-natural é científico social; todo conhecimento é local e total; todo conhecimento é auto-conhecimento (idéia clara no trecho “um conhecimento compreensivo e íntimo que não nos separe e antes nos uma pessoalmente ao que estudamos”.); todo conhecimento científico visa constituir-se em senso comum.

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  18. O texto "Um Discurso Sobre as Ciências", do sociólogo português Boaventura de Souza Santos tem grande relação com o tema "Ciência e Modernidade", pois mesmo tendo sido escrito em 1985 ainda é muito atual por ter sido voltado para o futuro.
    O texto foi dividido em 5 partes, a primeira é a introdução com os pressupostos da análise que ele irá fazer, e as outras ele demonstra que existe um modelo de ciência predominante, o que ele chama de Paradigma Dominante, e que essa forma está em decadência, que não consegue mais dar conta das relações sociais atuais. Por conta disso Boaventura vai falar sobre um novo modelo que está surgindo, que ele chama de Paradigma Emergente, e esse será uma nova forma de entender o conhecimento científico.
    O Paradigma Emergente é um tipo de conhecimento distante do modelo vigente, aquele que define as regras para produzi-lo e exclui todas as outras formas de conhecer o mundo, ou seja, um tipo de conhecimento que segue e satisfaz regras metodológicas, portanto só é ciência aquilo que satisfaz esse método, mas Boaventura defende que é possível explicar as coisas interligando outras e não as excluindo, é a interação, uma das bases desse novo conhecimento. Hegel já defendia a tese de que nossa mente não trabalha no principio da identidade e sim das contradições, e também torna-se mais claro sabermos quem somos quando sabemos quem não somos, essa é uma idéia que já vem de Platão e diz não ser suficiente saber só o que é, é preciso também saber o que não é. Algumas dessas idéias são bases da tradição hermenêutica - a forma não revela tudo o que elas são - e Boaventura pertence a essa tradição.
    Boaventura diz que a ordem agora é transgredir o método, precisamos nos rebelar contra os métodos postos hoje. Uma nova ciência está emergindo por conta da crise da antiga, estamos indo para uma sociedade completamente diferente e por isso é preciso enormes mudanças. Hoje quase todos tem acesso ao conhecimento, existe uma potencialidade de conhecimento acumulado, e com essas novidades é que a nova ciência vai emergir. O grande objetivo da ciência precisa ser o de atingir a vida boa, o conhecimento que tem haver com a vidas das pessoas é o que importa. É por isso que a ciência atual precisa ir além dos métodos científicos; Boaventura quer ter uma idéia de racionalidade humana mais abrangente, o Paradigma Emergente vai defender o conhecimento do senso comum e de muitas outras áreas, é preciso ser atento a tudo, não se pode excluir nada, essa é a ciência da modernidade.

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  19. No texto apresentado, o autor em questão faz uma rápida passagem a respeito do método aplicado nas ciências naturais e sociais desde o século XVI até o ano em que ele escreve (1985). A partir daí, Boaventura de Souza Santos define dois modelos a serem seguidos: o paradigma dominante e o paradigma emergente.
    Em relação ao paradigma dominante, o autor dá credito à revolução científica do século XVI pelo desenvolvimento de uma racionalidade científica, sendo aplicada na época em questão apenas nas ciências naturais e, apenas no século XIX, nas ciências sociais. Este paradigma tem como características, por exemplo, a separação entre ser humano e natureza, a importância da matemática na como meio de investigação, dando veracidade aos fenômenos estudados, além disso, a matemática tem função de quantificar, e isto cria a idéia de que se não é quantificável, não é cientificamente relevante. Esta concepção aplicadas às ciências sociais faz com que idéias como as de Comte e de Durkheim no ramo da Sociologia e de Freud na Psicologia apareçam, isto é, métodos aplicados que seriam válidos independentes de alguns fatores, que, para Souza Santos, parecem relevantes, haja vista o trecho: “(...)as ciências sociais não dispõem de
    teorias explicativas que lhes permitam abstrair do real para depois buscar nele, de modo
    metodologicamente controlado, a prova adequada; as ciências sociais não podem estabelecer leis
    universais porque os fenómenos sociais são historicamente condicionados e culturalmente
    determinados; as ciências sociais não podem produzir previsões fiáveis porque os seres humanos
    modificam o seu comportamento em função do conhecimento que sobre ele se adquire; os
    fenómenos sociais são de natureza subjectiva e como tal não se deixam captar pela objectividade
    do comportamento; as ciências sociais não são objectivas porque o cientista social não pode
    libertar-se, no acto de observação, dos valores que informam a sua prática em geral e, portanto,
    também a sua prática de cientista(...)”.
    Em contrapartida, o autor apresenta o paradigma emergente, que ele defende que deve ser a forma que as ciências sociais serão feitas no futuro. Neste paradigma emergente, as ciências sociais e as ciências naturais interagiriam de modo diferente ao do paradigma dominante, pois as ciências sociais que influenciariam as naturais, e não o contrário como ocorre no paradigma dominante. Isto daria um caráter mais inclusivo à forma de fazer ciência, muito diferente da atual, nas palavras do autor português: “(...)a aproximação entre ciências naturais e ciências sociais se fará no sentido destas últimas, caberá especular se é possível, por exemplo, fazer a análise filológica de um traçado urbano, entrevistar um pássaro ou fazer observação participante entre computadores.(...)”. Este englobamento de diversas áreas do conhecimento, só seria possível ao quebrarmos os métodos, as regras científicas, se a ciência fosse feita de forma mais independente. Há também a defesa das ciências voltadas para uma maior interação como mundo, para a busca de uma vida mais satisfatória, “o desenvolvimento tecnológico deve traduzir-se em sabedoria de vida”.
    Por fim, Boaventura de Souza Santos conclui dizendo que vivemos em um período de transição, que faz com que não possamos confiar no passado, mas que a vivência atual impossibilita a imagem do futuro.
    Achei este texto muito interessante, devido à forma abrangente que o autor vê as ciências sociais. Vejo que uma maior interação entre áreas distintas é muito necessário na construção da ciência de hoje. Como ele cita no texto que a exacerbada especificação acabou deixando o cientista um “ignorante especializado”, muito diferente do caráter mais genérico que é buscado atualmente. Acredito que esta visão pode ser atrelada, mesmo que apenas parcialmente, a UFABC. Digo isto, pois a universidade busca esta interação, esta interdisciplinariedade, mesmo que de uma forma não tão abrangente como Souza Santos.

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  21. A obra “Um discurso sobre as Ciências” apresenta a crise de identidade das ciências na era em que existimos. Esse assunto será abordado ao longo da obra, sendo estudados aspectos históricos das ciências naturais e sociais, bem como o atual conjunto cientifico em que nos encontramos e as perspectivas para o futuro.
    Boaventura de Sousa Santos sugere um novo modelo de conhecimento a partir da inter-relação entre ciências naturais e ciências sociais, fragmentando o modelo totalitário das ciências naturais, via exclusiva e aceitável para atingir-se uma “verdade universal”. “Verdade” essa adquirida por legado do fascínio ocasionado pelas teorias surgidas, principalmente a partir do século XIX, como o evolucionismo de Darwin, o positivismo de Comte e a criminologia de Lombroso. Essas teorias tinham em sua essência uma afinidade universal, a de sustentarem os seus estudos, como o a origem da natureza e a natureza do homem, em valores matemáticos, os quais elucidariam o mundo racionalmente , garantindo a previsibilidade fenomenológica da natureza

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  23. Após a leitura do texto “Um Discurso Sobre as Ciências” de Boaventura de Sousa Santos percebe-se que o autor pretende nos instigar sobre os problemas enfrentados pela metodologia das ciências sociais na Modernidade. Podemos dizer que estes impasses metodológicos são advindos, sobretudo do caráter ambíguo e complexo da definição de ciências sociais na atualidade. Onde estas estão desvinculadas da visão analítica, porém ainda apresentam aspectos restritivos quando apesar de assumir o caráter subjetivo das leis sociais reivindicam métodos de investigação semelhantes aos das ciências naturais.

    Vivemos em um período de dúvidas, onde cientificamente ainda somos demasiadamente influenciados pelo conhecimento científico que era produzido no passado que atribui mais credibilidade aos estudos contemporâneos, como por exemplo, aquele vinculado as descobertas da Revolução Científica do século XVI. Onde além desse aspecto estruturado existe a presença de um futuro incerto e contraditório, pois apesar de todas as potencialidades tecnológicas presentes nessa Era de uma ampla difusão do conhecimento, que caracteriza nossa sociedade como “Sociedade da Informação” nos deparamos com os limites do rigor científico. O conhecimento científico como Eric Hobsbawm cita no capítulo XVIII “A Era dos Extremos” gera insegurança nos indivíduos onde segundo as próprias palavras do autor: “as consequências [da produção científica e tecnológica] tanto práticas quanto morais eram imprevisíveis e provavelmente catastróficas” como se mostra pela presença de catástrofes ecológicas e da temeridade gerada pela ocorrência de uma possível Guerra Nuclear.

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  24. continuação...

    Faz-se, portanto extremamente necessária nessa fase de transição a presença do espírito rousseauniano que formula perguntas simples as quais podemos responder de forma a serem “capazes de trazer uma luz nova à nossa perplexidade” que evocaria um consenso sobre a situação da metodologia científica atual que por sua vez abrangeria uma análise mais completa das ciências sociais. A perplexidade no pensamento moderno pode ser atrelada a ausência de confiança nos estudos epistemológicos, onde o conhecimento tornou-se algo gradualmente mais dependente de estruturas estáticas de reflexão. Para desconstruir essa estrutura restritiva do conhecimento é preciso obter essas “perguntas elementares inteligíveis” que tornariam mais abrangentes os estudos sociais e reduziria o fosso entre a ciência e o conhecimento tido como vulgar. Seria destruída assim a distinção entre ciências naturais e sociais, tornando as ciências sociais um polo catalisador. “As reflexões sociológicas recusariam, portanto o Positivismo Lógico ou Empírico ou de Mecanicismo Materialista ou Idealista”.


    O Paradigma Dominante de aspecto racional científico que age de forma quase que totalitária e que considera que o conhecimento é quantificável deve reduzir sua complexidade a partir do momento em que sofrer uma crise gerada pela urgência de uma observação mais flexível da sociedade. Onde segundo o próprio Boaventura: “As leis da ciência moderna são um tipo de causa formal que privilegia o que funciona das coisas em detrimento de qual o agente ou qual o fim das coisas”. Emergirá assim um novo Paradigma mais abrangente vinculado a um conhecimento prudente e não apenas científico de uma vida social. A crise do Paradigma Dominante ocorreu após a observação desta necessidade nas novas teorias do novo século como, por exemplo, a Teoria da Relatividade de Einstein a Mecânica Quântica ou então o Teorema da Incompletude de Gödel que transgrediram os antigos métodos fundamentados nas certezas da objetividade tornando a ciência mais contemplativa do que ativa.


    Através do que foi apresentado no texto de Boaventura, podemos, portanto inferir que a necessidade de uma nova análise das ciências que aproximaria aquilo que é considerado senso comum daquilo que é denominado como científico não traria um aspecto geral às ciências e sim nos permitiria obter mais ramificações do conhecimento de forma a torna-lo mais específico em suas particularidades e mais rico não excluindo as formas mais simples de pensar que regiram a intelectualidade humana desde os primórdios.

    *Professor Peluso,
    Gostaria de informar ao senhor que o atraso da postagem se deve ao fato de eu não ter compreendido adequadamente a reflexão proposta pelo autor em uma primeira leitura e ter que realizar uma segunda leitura mais aprofundada. Por prezar pela qualidade da postagem envio neste momento.
    Desde já agradeço,
    Grata
    Mariana Rodrigues de S. P. Oliveira.

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  25. Primeiramente devo o atraso à minha falta de organização, acabei lendo o texto só agora, porque dei prioridade ao Tema 10.
    Boaventura de Souza, apresenta a princípio, uma amostra do que se passa no século XX (mais precisamente nos anos 80) no ramo das ciências. Boaventura apresenta o que acredito ser de extrema importância: a questão dos questionamentos simples, e para dar base a ideia, o autor cita Einstein "depois de feitas [as perguntas], são capazes de trazer uma luz à nossa perplexidade. Assim, o autor apresenta uma simples questão, atribuida a Rousseau: "o progresso das ciências e das artes contribuirá para purificar ou para corromper nossos costumes?", ou seja, esse conhecimento científico adquirido atua positiva ou negativamente para alcançar nossa felicidade? E esses questionamentos simplificados, pedem por respostas complexas.
    O autor mostra, então, que a ordem científica hegemônica está em crise, apresentando uma ordem científica emergente: a distinção entre as ciências naturais e sociais não faz sentido; as ciências sociais seriam o "pólo catalisador" dessa síntese, que deve recusar todas as formas de positivismo ou materialismo; e essa síntese considerada não deve visar uma ciência unificada, mas um conjunto de temas que considera a convergência desses, assim, não haverá mais distinção hierárquica entre o conhecimento científico e o conhecimento vulgar.
    O paradigma dominante atual, que vem da revolução científica, extendendo-se para as ciências sociais, pelos séculos seguintes, seria o tal modelo global da racionalidade científica - distinta tanto do senso comum, quanto das humanidades (filosofia, literatura...). Sendo assim (e isso acabou sendo debatido no começo do curso), a nova racionalidade científica acaba sendo totalitária, por não considerar a racionalidade de outras formas de conhecimento. E é essa mesma ciência que considera a quantificação do mundo e a simplificação (ao meu ver muitas vezes excessiva) do mesmo. Esse conhecimento, considera um mundo ordenado, onde se pode formular leis, ou seja, observar regularidades para prever o comportamento dos fenômenos.

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  26. Este comentário foi removido pelo autor.

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  27. São então apresentadas duas vertentes desse paradigma: a primeira, que considera o método das ciências naturais o único válido, reduzindo os "fatos sociais" a coisas para mensurá-los e estudá-los; a segunda já acredita em um método próprio para as ciências sociais, por esta ser subjetiva, diferente das ciências naturais. Essa vertente faz ainda parte do paradigma vigente (mesmo se desprendendo um pouco), por considerar uma distinção entre homem e natureza. A crise do paradigma dominante, segundo o autor, é irreversível, e acontece por estarmos vivendo um momento revolucionário que levará ao colapso as bases do paradigma dominante. Uma das questões é a do conceito de causalidade, uma vez que este funciona para uma ciência que visa interferências (e, pelo que compreendi, não funciona muito bem para a teoria).
    O Paradigma emergente segue quatro "bases": A distinção entre as ciências naturais e sociais não tem sentido e utilidade: tendo como consequência o fortalecimento das humanidades nesse novo segmento de ciência (não existindo então a diferenciação entre homem/natureza); O rigor da ciência aumenta na proporção direta da arbitraridade com que espartilha o real; aqui vejo um pouco da UFABC, que considera o conhecimento local E total; A questão do auto-conhecimento, que além de tudo mostra considerar as humanidades e algo em que acredito muito, a questão de o consecimento se constituir em senso comum, nenhum conhecimento deixa de sofrer influências do pensador.
    O texto de Boaventura me pareceu animador; o paradigma emergente parece-me extremamente promissor, quase poético (e poesia se enquadra no paradigma emergente).

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  28. Estamos vivendo em um período bastante complexo – um período de transição. Estamos no limite de uma sociedade diferenciada devido aos avanços nunca antes vistos da ciência e tecnologia (nanotecnologia por exemplo). Com isso, vem algumas questões e problemas também muito complexos.
    A ciência tem o poder de respondê-las?
    Existe ainda uma soberania no modo de classificação e nos paradigmas nas ciências – uma que separa as ciências como coisas totalmente distintas e impossíveis de serem assimiladas como algo não tão distantes. Para Boaventura, existe um novo molde para a visão da ciência atual – uma visão mais abrangente, ousada e até mesmo inovadora no ponto de vista dele.
    Entre as ciências agora, não existiria um limite, uma fronteira. Abordagens cada vez mais interdisciplinares estariam ganhando seu espaço no âmbito científico. Ciências naturais e sociais trabalhando juntas com pontos de vistas diferentes para solucionarem problemas com agora mais predisposições a serem entendidos e talvez solucionados.

    Como o colega Alex Luppe citou, já vivenciamos como essa interdisciplinaridade afeta nossas vidas.

    Prof... tou escrevendo o post bem atrasada... mas eu tou com a mãoquebrada, então está dificil de digitar, vou postar devagar, e espero terminar todos ao fim da semana.

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  29. Em “ Um discurso sobre a ciência”, de Boaventura Souza Santos, é mostrado para nós uma nova consepção dos métodos científicos a serem usados. Também é estabelecido que os métodos anteriores de avaliação da sociedade não servem mais para uma sociedade como a atual que vive intensas mudanças em pequenos espaços de tempo e que até mesmo o pensamento no mundo científico muda muito rapidamente.
    O autor defende uma mudança na visão das ciências sociais que devem passar por mudanças que consigam acompanhar a dinamicidade do mundo moderno e que as novas teorias a serem criadas não tentem identificar problemas sociais já existentes, mas que também devem se preparar para problemas que podem surgir, devem criar novos meios de avaliação que possam deduzir o que está por vir e analisar isso. Porém ele também mostra que nos últimos anos as ciências já mudaram bastante e que isso trouxem muitos impactos negativos quanto á população, levando até à desconfiança de parte da sociedade quanto ao que advém da ciência.
    Também é defendido no texto uma aproximação maior entre ciências sociais e ciências naturais já que o autor acredita que essas diferenças estabelecidas entre elas não deveriam nem existir.

    Post atrasado por motivos pessoais

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  30. https://docs.google.com/document/d/1zeUdvaVu3NLtSVczJZOEsQSk7lX8LKNt25_-pyn9Vmw/edit?hl=en
    Professor, aqui está meu texto. Postei atrasada de distraída mesmo, o texto estava pronto e eu tinha esquecido de postar, porque quando tentei estava dando problema.

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  31. Como o próprio Boaventura diz no vídeo indicado acima, Tudo tem seu inicio, meio e fim, em seu contexto original a frase é usada para fazer referencia ao capitalismo, que um dia chegará ao seu fim, porém, quero usá-la para tratarmos da ciência.
    A partir do século XVI reinou no mundo cientifico o modelo metodológico, que o autor chama de paradigma dominante e que Maciel Colli em “Uma breve análise do “Discurso sobre as ciências” de Boaventura de Sousa Santos” descreve da seguinte maneira: um modelo totalitário, esta nova visão de mundo apresentava distinções fundamentais aos modelos de “saberes” aristotélicos e medievais: 1º) opunham-se conhecimento científico e conhecimento do senso comum (desconfiava-se das evidências da experiência imediata e do senso comum e buscava-se respostas na observação científica sistemática, rigorosa e controlável dos fenômenos naturais); 2º) opunham-se natureza e pessoa humana (buscava-se conhecer a natureza para poder controlá-la e dominá-la).

    Para que ocorresse uma observação e experimentação que levasse a um conhecimento mais profundo e rigoroso da natureza, empregava-se, como instrumento privilegiado de análise, a matemática. A matemática permitia que a natureza, bem como os seus fenômenos, fossem analisados e estruturados sob dois pilares: 1º) quantificação como sinônimo de conhecimento, pelo emprego rigoroso das medições; 2º) redução da complexidade do mundo, por meio da divisão e classificação sistemática (tendo como divisão primordial aquela entre condições iniciais (reino da complicação e do acidente, onde é necessário selecionar as condições a serem observadas) e leis da natureza (reino da simplicidade e da regularidade, onde há a possibilidade de se observar e medir de forma rigorosa a natureza).

    Mas esse modelo de racionalidade só se aplicava as ciências naturais, e a partir do momento que foi-se crescendo a ciência social no mundo acadêmico foram começando a aparecer problemas de compatibilidade. Daí então nascem duas vertentes na sociologia, a 1ª aplicava, dentre as possibilidades existentes, os princípios epistemológicos e metodológicos do estado da natureza (ciências sociais como extensão das ciências naturais); e a 2ª estabelecia uma metodologia própria para as ciências sociais, com base na “especificidade do ser humano e sua distinção polar em relação à natureza”[SANTOS, pg.19]. Com os grandes representantes dessa ciência, Durkheim e Weber, de lados opostos, na respectiva ordem.

    Acrescentando-se a isso vemos no texto A Crise no paradigma dominante graças a Teoria da relatividade de Einstein, a mecânica quântica, o questionamento do rigorismo matemático e o avanço do conhecimento nas áreas da microfisica, química e biologia na segunda metade do século XX.

    Com todos esses acontecimentos o modelo metodológico da ciência moderna começa a ser visto como ultrapassado e para solucionar o problema nosso autor propõe um novo modelo, chamado de Paradigma emergente que estrutura-se em um paradigma científico de conhecimento prudente e em um paradigma social de uma vida decente. E para justifica-lo utiliza-se de quatro princípios sobre o conhecimento: 1º) todo conhecimento científico-natural é científico-social; 2º) todo conhecimento é local e total; 3º) todo conhecimento é autoconhecimento; 4º) todo conhecimento científico visa constituir-se em senso comum.
    Concluindo, podemos ver na obra de Boaventura, da qual, por sinal, me agradei muito, que o modelo metodológico adotado pela ciência moderna já se tornou ultrapassado, e mesmo com instituições de ensino insistindo em continuar transmitindo-o, seu futuro, como disse no inicio, é o fim. Pois já estamos adentrando em uma nova era onde os conhecimentos não estão avulsos e por ai, muito pelo contrario, há uma conexão entre todas as áreas da ciência, e não existem mais muros entre elas. Vendo isso, pude notar o mérito de nossa universidade em desde já adotar por esse modelo, estando a frente de todas as outras grandes escolas de nosso país.

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