segunda-feira, 18 de outubro de 2010

11. TEMA 7 - "CIÊNCIA SOCIAL E PROGNÓSTICO"

Caros alunos,
Após ler o texto: Crítica das Doutrinas Antinaturalistas“ e “Crítica das Doutrinas Naturalistas” em “A Miséria do Historicismo”, de Karl Popper (disponível em http://www.scribd.com/doc/11026499/Karl-Popper-A-Miseria-Do-Historicismo ) e ( http://temqueler.files.wordpress.com/2009/12/karl-popper-a-miseria-do-historicismo.pdf ), elabore seus comentários e faça uma postagem. Vc. tem até o dia 08 de novembro para realizar essa tarefa.

Examine o material disponível em:


e


30 comentários:

  1. Popper tem o Historicismo como uma teoria em que o método das Ciências Sociais consiste em identificar regularidades ou ordens que permite fazer previsões de acontecimentos futuros, dividindo-a em duas: Teorias Naturalistas e Antinaturalistas.
    Essa crítica concentra-se em autores com Marx, que diz através do seu método materialista histórico dialético, o modelo comunista científico social seria capaz de no âmbito das relações sociais resolver seus problemas, assim como o ideal positivo foi utilizado por Comte.
    No início do século XX havia um grande entusiasmo com as possibilidades do conhecimento científico e então o século se inicia com a pretensão de duas revoluções que tentam mudar a ordem social: Revolução Comunista e Positiva.
    Popper inicia indagando sobre qual seria o verdadeiro motivo da investigação científica; seria o desejo de saber, uma curiosidade apenas teorética, pura, ou devemos entender a ciência como uma solução para os problemas práticos que surgem.
    Diz que no que se refere a desenvolvimento e aperfeiçoamento de método, como também da ciência, só aprendemos por ensaio e erro, e precisamos da crítica de outros para descobrir os nossos erros.
    Ilustra estas considerações com a introdução de métodos matemáticos na Economia. Se diz então pronto para criticar o historicismo, por ser um método pobre, incapaz de propiciar os resultados que promete. Nomeia seu método defendido como “ tecnologia da ação gradual”.
    No entanto entende que dar essa ênfase ao enfoque tecnológico prático não equivale a dizer que devem ser excluídos os problemas teóricos eventualmente surgidos a partir da análise de questões práticas.
    Popper destaca a engenharia social gradual, que seria uma aplicação prática dos resultados de ação gradual. Trata-se de uma expressão utilizada para indicar um conjunto de atividades públicas ou privadas afim de atingirem algum objetivo ou propósito utilizam todos os conhecimentos tecnológicos existentes. A engenharia social de ação gradual aproxima-se à engenharia comum por encarar os fins como algo para além do campo da tecnologia, motivo pelo qual se afasta do historicismo, que entende os fins dependentes das forças históricas. A tarefa da engenharia social de ação gradual é projetar instituições sociais, reconstruí-las e fazer as já existentes operarem, e o tecnologista as verá como seus olhos, antes máquinas do que organismos.
    Classifica a engenharia social holística como utópica por não se sustentar, pois a base científica de seus projetos simplesmente não existe.
    Já as doutrinas do historicismo “naturalísticas” estão sob a influência do pensamento holístico e nascem da inadequada interpretação atribuída ao papel dos métodos empregados pelas Ciência Naturais. Classifica como uma doutrina típica do historicismo e talvez com maior importância do que as antinaturalistas, carrega a crença de que compete às ciências sociais exibir a “lei da evolução da sociedade”, com o propósito de determinar o futuro, poderia então ser dada como a doutrina historicista por excelência.

    ResponderExcluir
  2. Inicialmente, Popper indaga sobre o verdadeiro motivo da investigação científica. A motivação seria o desejo de conhecimento, curiosidade ou a busca por soluções? Em relação à pesquisa social, Popper diz que ela se reveste de uma urgência prática e que as ciências sociais que sofrem de escassez de resultados práticos acabam por demonstrar a urgência de obtê-los. A correção gradual combinada com a análise critica é o melhor caminho para encontrar estes resultados práticos, tanto nas Ciências Sociais como nas Naturais.
    Popper divide em dois os problemas encontrados na esfera social: um possui caráter público e o outro privado. No meu grupo se encaixam problemas relacionados com programas que envolvem e refletem na população como um todo, como sistema penitenciário, área da saúde etc. Já o segundo grupo se baseia em negócios individuais, em como melhorar a produtividade etc.
    A fim de conduzir a objetivos/propósitos, as atividades sociais passaram a se utilizar da engenharia de ação gradual, que tem como tarefa projetar, reconstruir e operar as instituições sociais e para isso usa de todos recursos tecnológicos existentes e faz reajustes sempre buscando melhorias. Em choque com a engenharia de ação gradual se encontra a engenharia social holista ou utópica. Esta busca remodelar a sociedade a partir de um plano definido e, a partir disto, utilizar as forças históricas e moldar a sociedade para o futuro, ou seja, busca o controle do futuro da sociedade. O método não visa construir uma nova sociedade, mas sim moldar os homens para a sociedade. Este modo holista se mostra praticamente impossível, visto que as transformações acarretam conseqüências (surpresas) que levam a utilização de improvisação – ação gradual.
    Se assemelhando ao modo holista aparece o historicismo, que se interessa pela sociedade como um todo. Ambos acreditam poder descobrir os propósitos da sociedade através de tendências históricas ou pelas necessidades da época. Além disso, o historicista acredita que não há como aplicar o método experimental às Ciências Sociais, alegando que não se podem reproduzir as condições da sociedade de acordo com nossos desejos. Neste caso, Popper argumenta que são os experimentos que nos levaram a descobrir as transformações ocorridas nas condições sociais e que essas condições variam de acordo com os períodos históricos. Não creio que as diversidades nos processos históricos impossibilitam o método experimental, mas creio sim que este encontra uma maior dificuldade para obter resultados práticos.
    Prosseguindo, Popper se questiona sobre a existência de uma lei de evolução e sua resposta é não e completa que essa visão não se encaixa ao método cientifico. Também mostra duas posições de quem defende a existência de tal lei. A primeira posição seria a de que o ciclo da vida se encaixa à sociedades, raças e ao mundo como um todo. Na segunda, aparece a idéia de uma dinâmica social e partir disto, estabelecer profecias históricas. Para Popper, isso não passa de uma confusão e de uso de metáforas inadequadas e ao invés do uso de leis, ele acredita que é possível a previsão a partir de tendências de caráter dinâmicos.
    Existe também um método único tanto para as Ciências Sociais quanto para as Naturais que se consiste em oferecer explicações dedutivas e na seqüência, submetê-las a testes. Claro que o método se difere um pouco, logo que as Ciências Naturais usam métodos quantitativos e as Ciências Sociais se baseiam em construções teóricas e modelos deduzidos a partir do comportamento dos seres humanos.
    Popper, em sua conclusão, questiona se os historicistas se amedrontam com as transformações, pois acreditam na possibilidade de controlá-las, sendo que estas sim formam uma lei que se perpetua.

    ResponderExcluir
  3. Nos textos selecionados: “Crítica das Doutrinas Naturalísticas” e “Critica das Doutrinas Antinaturalísticas”, Karl Popper expõe uma oposição ao modo historicista de analisar os fenômenos sociais. “As doutrinas do historicismo que denominei ”naturalistas “ têm muito em comum com as doutrinas antinaturalísticas. Exemplificativamente, elas estão sob a influência do pensamento holístico e nascem de inadequada interpretação atribuída ao papel dos métodos empregados pelas Ciências Naturais.
    Em “Critica das Doutrinas Antinaturalísticas” Popper destaca duas vertentes ligadas ao motivo da investigação científica, a primeira a qual é atribuída o termo “pura”, consiste em realizar a investigação pelo desejo de saber, a curiosidade apenas teórica. A segunda pela ciência com seus resultados aplicáveis, como “instrumentos para a solução de problemas práticos”, sendo a ciência nessa concepção justificada somente se obtiver investimentos sólidos.
    Após apresentar tais posições Popper relata oferecer apoio aos que preferem o modo “puro”. Reconhece, entretanto, que até mesmo essa concepção pode combinar-se com um reconhecimento da importância dos problemas práticos e dos testes práticos para o progresso da ciência.
    O seu trabalho se orientara na necessidade de estimulo advinda de problemas práticos presentes nas investigações “em torno de métodos de pesquisa científica, principalmente quanto as investigações concernentes aos métodos das ciências sociais generalizadas, ou ciências sociais teoréticas”. Para as aplicações práticas os problemas metodológicos são úteis e necessários.
    Para o autor só há aprendizado na ciência através de ensaios e erros, juntamente com a crítica de outros – o que é essencial para a introdução de novos métodos revolucionários.
    O “enfoque prático do estudo das Ciências Sociais e seu método é o que advogam muitos dos seguidores do historicismo, esperançosos de que poderão transformar a ciência social, graças ao emprego de métodos historicistas, em poderoso instrumento a serviço dos políticos”. Em oposição às teorias historicistas e holísticas, o autor defende a “tecnologia de ação gradual” como melhor caminho para alcançar resultados práticos - junto com a crítica – nas ciências sociais e também nas ciências naturais. Os problemas nas ciências sociais podem ser “públicos” ou “privados”.
    Tecnologia de ação gradual consiste numa forma de resolver os problemas socias, como o próprio nome diz de forma gradual, “ a tarefa da engenharia social de ação gradual é a de projetar instituições sociais, reconstruirás e fazer as já existentes operar”; “sejam quais forem os fins em vista, procurarão atingi-los através de pequenos ajustamentos e reajustamentos que possibilitem melhoria continua”.
    “Assim na prática a diferença entra a engenharia utopista e o método da ação gradual vem a ser uma diferença não tanto de escala e escopo, mas de cautela e preparação para inevitáveis surpresas”.

    ResponderExcluir
  4. Karl Popper Nasceu em 1902 e morreu 1994, Filosofo da ciência, e por muitos foi considerado o filosofo mais influente do séc. XX.
    O historicismo cientista têm dois pressupostos: o de que a evolução histórica pode ser pensada em termos biológicos e o de que a compreensão dessa evolução se pode fazer em termos indutivistas. São eles que norteiam a concepção claustral da sociedade contra a qual Popper tematizou a ideia de uma sociedade aberta. Tomando esta posição de Bergson, mas tirando-a da sua natureza religiosa, Popper caracterizou a sociedade fechada por ser mágica (isto é, inapto de distinguir as leis humanas das naturais) autoritária, estática e tribal, e explicou a sociedade aberta por ser laica (isto é, capaz de diferenciar entre o que é e o que não é de ordem convencional ou institucional) crítica, evolutiva e individualista. Mais do que traços factuais, trata-se sobretudo de elementos de dois tipos-ideais que permitem caracterizar não só dois modelos alternativos de sociedade mas também duas orientações bem distintas da ação política.

    ResponderExcluir
  5. Um aspecto que eu axei interessante sobre o texto de Karl Popper esta no começo do texto quando este fala sobre a experimentação , e autor faz uma comparação desta com uma possível Física social , que ira fazer experimentos parescidos com os que os ciêntistas fariam em laboratório com fenômenos físicos , mas com a sociedade.
    O autos mostra que este método seria incoerente com o objeto estudado , por não ser possível isolar a sociedade, além da memória coletiva de fatos anteriormente ocorridos que impede a repetição do experimento , como podemos ver :"ainda que fosse aplicável, não seria útil, pois,como condições similares só se manifestam dentro dos limites de um mesmo
    período, o resultadoexperimental seria sempre de alcance muito limitado. Além disso, a artificia1idade do isolamento eliminaria exatamente os fatores que em Sociologia são de maior relevo".

    ResponderExcluir
  6. Ao nos apresentar características do Historicismo , Popper defende que as Ciências Sociais não podem ser estudadas com os mesmos métodos das Ciências Exatas , pois estas acham leis que não imutáveis enquanto as Ciências Sociais não há uniformidade, só quando estamos estudando um mesmo período histórico. Usar um mesmo método que se usava na idade media para analisar a sociedade atual significa que não consideramos que a sociedade se desenvolve.
    Além do que as uniformidades sociais são resultado da ação humana , e se a natureza humanas modificar seu modo de agir ira mudar também as uniformidades sociais.
    As ciências exatas como a física por exemplo usa de métodos experimentais repetitivos , isso também não seria possível dentro da sociedade , já que a partir do momento que houve uma modificação não seria possível voltar ao estagio inicial sem as conseqüências do experimento já realizado.
    Com isso é muito difícil fazer predições das Ciências Sociais , mas elas não deixam de ser importantes , pois essas previsões podem exercer influencia sobre os acontecimentos previstos, ou seja , as pessoas podem acreditar naquelas precisões e elas mesmas fazerem com que aparentemente se realizem , e isso faz com que essas previsões fiquem cada vez mais subjetivas ao invés de objetivas, fugindo do enfoque que seu estudo necessita.

    ResponderExcluir
  7. A partir da leitura dos textos recomendados: “Crítica das Doutrinas Antinaturalistas e Crítica das Doutrinas Naturalistas” em “A Miséria do Historicismo”, de Karl Popper e dos vídeos observados, foi possível perceber que o autor tenta romper com o pensamento subjetivo e assim criar uma nova visão sobre a epistemologia, ou seja, quer desenvolver o racionalismo crítico que origine um processo indutivo, contando com as experiências, hipóteses e também com a formulação, generalização e verificação de leis sobre fenômenos da natureza; concepção esta que destacou o ramo das ciências naturais.
    Acredito que para Karl Popper o racionalismo objetivo propaga-se no momento em que há uma discussão racional e clara, sustentado no plano de que é preciso buscar argumentos, contestações por intermédio de experimentos críticos e de tentativas e erros, pois somente assim é possível obter o conhecimento da ciência que contribui para o progresso dos modelos inovadores. Estabelecendo como base este princípio, Popper examina as controvérsias das teses naturalistas e antinaturalistas dentro do historicismo e o ponto principal desse modelo é construir dentro da história uma ciência que possibilite conhecer os métodos científicos para sistematizar regras. Dentre os principais enigmas do historicismo, o principal é a questão da improbabilidade em realizar qualquer tipo de presságio científico, já que esta “previsão” histórica teria como base discussões sem fundamentos lógicos devido a complexidade do desencadeamento das formações sociais que ocorrem muitas vezes de forma inesperada; isto quer dizer que os processos de desenvolvimento social não podem ser explicados por um conjunto de normas criadas para predizer o futuro.
    Neste contexto, Popper evidencia que os principais problemas encontrados pelos antinaturalistas seriam questões como generalização, experimentação, complexidade, inexatidão dos prognósticos e garantia da objetividade. No que se refere à generalização, há divergências entre as ciências físicas e as ciências sociais, pois enquanto uma visa abranger os dados, a outra por sua vez trata de questões que são de característica particular e única, ou seja, as normas naturais da sociedade seriam coerentes de acordo com o ambiente ou a situação em que se encontrassem, já no caso das ciências de valor social seria quase que impossível de apontar a exatidão dos projetos sociáveis de acordo com as circunstâncias designadas.
    Em conclusão, a inovação teórica de Karl Popper está baseada em hipóteses que proporcionam explicações dedutivas que promovem a expansão de seu racionalismo crítico e a abertura para múltiplas possibilidades e não para algo previsível.

    ResponderExcluir
  8. Karl Popper (1902-1994) foi um filósofo da ciência que nasceu em Viena, na Áustria, mas se naturalizou inglês posteriormente. É considerado por muitos como um dos pensadores mais influentes do século XX. Popper vai ser um grande crítico das teorias Positivistas e Marxistas, mais precisamente do historicismo em si que tinha como teoria que o método das ciências sociais consistia em identificar acontecimentos e tendências para que assim pudessem fazer previsões de acontecimentos futuros. Para argumentar contra isso ele vai escrever a obra "A Miséria do Historicismo", que ele diz ter sido finalizada em 1920, porém só foi publicada no ano de 1945.
    O contexto histórico que vai aparecer a crítica de Popper é de quando as teorias marxistas e positivistas estavam em seu apogeu. Os dois sistemas acreditavam que fazendo transformações em certas relações sociais iriam conseguir direcionar para um sociedade melhor concretizada. Os dois projetos eram semelhantes no que se refere à implantação da ciência, pois ambos acreditavam que era preciso haver uma mudança para a implantação.
    Foi durante a virada do século XIX para o XX que começaram a existir pessoas tentando implantar na prática o marxismo ou o positivismo. No caso marxista a mais notável implantação foi com a Revolução Bolchevique em 1917 na Russia colocando o Comunismo como modelo vigente e assim criando a União Soviética, a idéia central era acabar com a antiga forma econômica enfraquecendo-a, ou seja, lutando e abatendo os oposicionistas. Já no caso do Positivismo, pelo menos 3 países tiveram suas bases na construção de suas políticas locais, esses países são: México, Argentina e Brasil, no caso do Brasil chegou até a existir ramificações do Positivismo, como os que acreditavam no caminho religioso e os outros que acreditavam no caminha da educação para a implantação do sistema; houve até um importante político, Julio de Castilhos, que tentou por meio de uma revolta, a Farroupilha no Sul do país, implantar o Positivismo na sociedade.
    Nesse ambiente de revoltas e inovações políticas que Karl Popper vai aparecer corajosamente criticando a forma de pensar desses grandes sistemas com base no historicismo. Popper quer, na realidade, entender como se dá o conhecimento humano, quais são as formas que nós usamos, quais representações e quais são as corretas. Para ele as Ciências Sociais é um forma de tratar o mundo.
    Na sua obra ele fala sobre as teorias naturalistas e antinaturalistas como visão de mundo, a primeira é aquele em que acham que os métodos sociais são os mesmos dos naturais, já os antinaturalistas acreditam que as ciências sociais possuem forma própria, porém, Popper não defende nenhum dos dois já que ambos possuem bases historicistas.
    A grande critica que Popper faz ao historicismo é que ele diz não ser possível identificar tendências, regularidades ou ordem social, diferentemente dos historicistas, pois tudo isso depende do conhecimento de cada uma das pessoas, ou seja,a influência nas ações humanas. Para saber isso é preciso possuir o conhecimento do amanhã, mas não é possível identifica-lo pois ele depende do conhecimento futuro, e como não é possível alcança-lo, torna-se impossível prever como serão as sociedades futuras. Popper mostra mais uma vez algumas complicações do saber nas Ciências Sociais, ela que estava caminhando para um formato de prognóstico acabou encontrando um empecilho de bastante força no seu caminho, o que resultou em mais novos debates sobre os objetivos e o sentido das Ciências Sociais.

    ResponderExcluir
  9. Popper vai contra a corrente intelectual de sua época, composta pelos Positivistas e Marxistas, ao dizer que não é possível atingir uma exatidão científica nas ciências sociais, que essas são por natureza imprevisíveis. Ele ainda vai além e contesta a objetividade das ciências naturais também. Ele acreditava que não era possível se chegar a uma verdade indisputável e eterna, mesmo se baseando em dados empíricos. O máximo que se podia alcançar eram conhecimentos que eram mais difíceis de negar naquele momento.
    Para ele o método que era utilizado para se estudar as ciências sócias, tentando imitar as ciências naturais, como a física por exemplo, era errôneo. Deve haver uma grande diferença no jeito que se pesquisa as respectivas áreas.

    ResponderExcluir
  10. Karl Popper aplica seu conceito de historicismo como "uma abordagem das ciências sociais, que pressupõe que a previsão histórica é o seu objectivo primordial, e que pressupõe que este objectivo é atingível por descobrir os "ritmos" ou "padrões", as "leis" ou as "tendências" que estão subjacentes à evolução da história". Determina então que existem duas vertentes de historicistas: os naturalistas e os antinaturalistas. Lembrando que a já levantada questão “ciências humanas x ciências naturais: similares ou distintas?” aparece também em Popper.
    Assim, os naturalistas são aqueles que não acreditam que existem diferenças essenciais entre essas duas ciências e portanto, podem partilhar de uma mesma forma de abordagem. Apoiavam essa teoria os positivistas, seguidores dos pensamentos de Augusto Comte. Já os antinaturalistas acreditam que há sim, uma importante diferenciação, representados por Wilhelm Dilthey, Max Weber.
    A concepção naturalista da ciência, empirista, em que as observações desempenham um papel fundamental na seleção das teorias, tornam possível a previsão dos eventos observáveis. Se essas previsões tem sucesso ou fracasso é o que determina se a teoria será aceita, ou descartada. Para Popper, o sucesso de um prognóstico apenas fortaleceria a teoria, não sendo portanto, uma confirmação.
    Diz: “Notam eles [os historicistas da vertente antinaturalista] que absurdas consequências decorreriam da presunção de que as ciências sociais venham a desenvolver-se até o ponto de permitir antecipações científicas precisas com respeito a todas as espécies de fatos e eventos sociais, e que esta presunção pode, portanto, ser refutada com base em argumentos puramente lógicos. [...] predições sociais científicas exatas e pormenorizadas são, consequentemente, impossíveis.”
    Popper registra que as predileções e interesses influenciam nos prognósticos, levando-os a ser tendenciosos. E os próprios pronunciamentos por serem ditos, influenciam na maneira de agir socialmente, e isso destrói a objetividade da ciência.
    Já a crítica para a teoria antinaturalista não encontrei, ao meu ver, um bom argumento que a invalidasse. A própria existência dos prognósticos e como ele podem afetar nossas futuras ações pode ser exemplo da diferença entre ciências humanas e naturais.

    ResponderExcluir
  11. Popper também classifica o que é científico: para ele, qualquer teoria científica tem que ser falseável. As teorias são classificadas em não ou ainda não contrariada pelos fatos. E apenas uma observação contrária é necessária para falsificar a teoria, mas uma enorme quantidade de observações favoráveis não podem validar a teoria como imutável e eterna. Por isso, sua crítica a Karl Marx - além de ter prognosticado a respeito da revolução do proletariado, a instituição do comunismo, a quebra do capitalismo, tudo não cumprido, ainda não dava espaço para falsificação da teoria marxista pois afirmava que as críticas negativas provinham da classe que se opunha a mesma e portanto, eram influenciadas por seus interesses pessoais.

    ResponderExcluir
  12. A MISÉRIA DO HISTORICISMO
    Karl R. Popper

    ALGUNS TÓPICOS RELEVANTES




    ENGENHARIA SOCIAL FRAGMENTÁRIA:


    “Assim como o propósito da Engenharia comum é o de projetar máquinas, aperfeiçoá-las e mantê-las, a tarefa da Engenharia social de ação gradual é a de projetar instituições sociais, reconstruí-las e fazer as já existentes operarem. A expressão “instituição social” é aqui utilizada em sentido muito amplo, incluindo entidades de caráter público privado. Dessa expressão me valerei para aludir seja a uma pequena loja, seja a uma grande empresa de seguros, a uma escola, a um “sistema educacional”, a uma organização policial, a um tribunal ou a uma igreja. Um tecnologista ou engenheiro que acolha o método da ação gradual reconhecerá que apenas algumas instituições sociais brotam por força de um planejamento consciente, enquanto a grande maioria delas tão somente surge como imprevista conseqüência de ações humanas. Todavia, independentemente de quanto se deixe impressionar por este importante fato, o tecnologista verá as instituições sociais de um ponto de vista “funcional” ou “instrumental19”. Serão, a seus olhos, meios para certos fins ou suscetíveis de se verem postas ao serviço de certos fins – antes máquinas do que organismos. Não significa isso que o tecnologista ignore as fundamentais diferenças existentes entre instituições e instrumentos físicos.”

    ENGENHARIA SOCIAL HOLÍSTICA:

    “A Engenharia social holista, ou utópica, ao contrário da Engenharia social de ação gradual,
    nunca é de caráter “privado”, sempre de caráter “público”. Pretende a remodelação de “toda a sociedade”, segundo as linhas de um definido plano ou de uma definida diretriz; pretende
    “conquistar as posições-chave” e ampliar “o poder do Estado (...) até que Estado e sociedade quase se identifiquem”; e pretende, a par disso, controlar, a partir dessas “posições-chave”, as forças Históricas que moldam o futuro da sociedade em desenvolvimento – ou detendo esse movimento ou antecipando seu curso e a ele adaptando a sociedade.”

    A INEXISTÊNCIA DE LEIS DA EVOLUÇÃO SOCIAL:

    “Existe uma lei de evolução? Pode haver uma lei científica no sentido pretendido por T. H.
    Huxley quando ele escreveu: “(...) deve ser apenas meio filósofo aquele que (...) duvida de a ciência, mais cedo ou mais tarde, (...) vir a englobar a lei da evolução das formas orgânicas – a ordem invariável da grande cadeia de causas e efeitos (...) cujos elos são todas as formas orgânicas, passadas e presentes (...)”?
    Creio que a resposta a essa pergunta deve ser “Não” e que a busca da lei da ordem invariável,
    na evolução, está impossibilitada de ver-se abrangida pelo escopo do método científico, seja em Biologia, seja em Sociologia. As razões que sustentam minha crença são muito simples. A evolução da vida na Terra (como a evolução da sociedade humana) é um processo histórico peculiar. Esse processo – podemos admiti-lo tem lugar em consonância com todos os tipos de leis causais, como, digamos, as leis da mecânica, da Química, da hereditariedade e da segregação, da seleção natural, e assim por diante. Sua descrição, entretanto, não é uma lei, mas apenas um enunciado histórico singular.”

    ResponderExcluir
  13. continuação:

    ESTRUTURA DAS EXPLICAÇÕES CIENTÍFICAS:

    “Sugiro que dar uma explicação causal de certo evento específico equivale a deduzir um
    enunciado em que se descreve o evento, a partir de duas espécies de premissas: algumas leis
    universais e alguns enunciados singulares ou específicos, que podemos chamar condições iniciais específicas. Exemplificativamente, podemos dizer que temos uma explicação causal do rompimento de um fio (de certo material) se descobrimos que esse fio só poderia suportar um peso de um quilo, mas que um peso de dois quilos foi nele pendurado. Analisando essa explicação causal, notamos, que dois tipos de elementos se acham envolvidos:

    (1) Algumas hipóteses que assumem o caráter de leis universais da natureza. No presente exemplo, algo como: “Para cada fio de determinada estrutura s (fixada pelo material de que ele é feito, pela espessura, etc.), há um peso característico p tal que o fio se rompe quando nele se pendura um peso maior do que p”; e “Para cada fio com estrutura s1, o peso característico é de um quilo”.
    (2) Alguns enunciados específicos (singulares) – as condições iniciais – relativas ao particular evento em pauta. No presente exemplo, teríamos dois enunciados: “Este é um fio de estrutura s1” e “o peso pendurado neste fio era um peso de dois quilos”.

    Há, portanto, dois constituintes diversos, dois diferentes tipos de enunciados que, juntos,
    conduzem a uma explicação causal completa: (1) Enunciados universais, que têm o caráter de leis naturais; e (2) enunciados específicos, chamados “condições iniciais”, que dizem respeito ao caso especial em tela. Ora, das leis universais (1) é possível deduzir, com o auxílio das condições iniciais (2), o seguinte enunciado específico: “Este fio se romperá”. Essa conclusão (3) pode ser denominada pro gnose específica. As condições iniciais (ou, mais precisamente, a situação por elas descrita) são consideradas, habitualmente, como a causa do evento em pauta; e a prognose (ou antes, o evento por ela descrito) é considerado, em geral, como o efeito. Dizemos, por exemplo, que penduram um peso de dois quilos em um fio, que só poderia suportar peso de um quilo, é a causa (do rompimento do fio); e que o rompimento do fio é o efeito.”

    ResponderExcluir
  14. PARTE 1 - O historicismo, doutrina tão claramente criticada por Popper, pode ser definida como uma teoria que busca, através de minucioso estudo da sociedade e seu desenvolvimento histórico, descobrir e padronizar leis sobre o mesmo desenvolvimento e fenômenos sociais. Após o estabelecimento dessas leis, os historicistas julgavam que poderiam prever o quê ocorreria com a sociedade, como ela continuaria a se desenvolver.
    Essa tendência de tornar a história uma ciência pode ser fortemente verificada durante ao final do séc.XIX, sendo que o conhecimento histórico aspirava a objetividade científica, a verdade. O filósofo e filólogo alemão Nietzsche seria o primeiro a romper com o conhecimento histórico científico e, a partir do século XX, as críticas aprofundaram-se, passando-se a recusar o determinismo, o reducionismo e o destino inescapável, princípios que podem ser inferidos, logicamente, do historicismo e suas bases.
    Popper é, evidentemente, contra essa corrente, e contra a filosofia de reforma e estudo da sociedade por ela denominada como Engenharia utópica. A Engenharia utópica seria uma corrente que tinha por fim último e objetivo a reforma total da sociedade; que é o ponto que a diferencia da Engenharia social gradual, que busca reformar a sociedade através de mudanças paulatinas, em aspectos isolados.
    Popper se revela um partidário da Engenharia social gradual, argumentando que a Engenharia utópica, sem sombra de dúvida, falharia em seu intento de reformar a sociedade desde suas bases através de uma revolução, sem pequenas transições e plano estratégico de pequenas metas que visam levar ao objetivo maior, por esse mesmo motivo. Mudanças muito radicais geram revoltas e desordem; além do que, a Engenharia utópica alegava que transformaria a sociedade para torná-la mais justa e digna do homem, porém, ao revolucioná-la, o homem que teria que se adaptar à essa nova face do ambiente. Entra aí a questão: será que a sociedade estaria mesmo mais justa, sendo que o homem que deveria mudar para adaptar-se? Esse é o ideal de sociedade, que os homens, para conseguirem viver bem nela, devem se enquadrar a “formas” de comportamento, reprimindo sua idiossincrasia, e talvez se submetendo a condições geradas por um governo ou autoridades autoritárias?
    A Engenharia social, ao atacar apenas os pontos em que se julgam necessárias mudanças, alteraria as instituições da sociedade, tornando-as adaptáveis aos homens, e não ao contrário.
    Por fim, Popper demonstra a estrutura das explicações científicas, que como nós sabemos, implicam sempre em uma relação de causa-e-efeito. Popper julgava que, descrever um certo acontecimento consiste em gerar um enunciado do próprio evento, originário de duas premissas fundamentais: algumas leis
    universais e alguns enunciados singulares ou específicos, que podemos chamar condições iniciais específicas.
    As leis universais são formadas a partir de hipóteses que, através de muitas tentativas, adquirem o caráter de leis, pois se mostram resistentes aos testes empíricos, demonstrando regularidade e possível caráter universal. As leis universais são de caráter extremamente geral, e são os enunciados singulares que dão caráter específico ao evento. Os enunciados singulares são as condições iniciais, que dizem respeito apenas ao evento específico. As condições iniciais são consideradas a causa do evento em questão.

    ResponderExcluir
  15. PARTE 2 - Julgo acertada a posição de Popper com relação ao holismo, talvez porque sempre fui contra qualquer tipo de extremismo. Ações extremas geram também reações extremas, e revoluções e oposições violentas às reformas feitas pelos utópicos seriam difíceis de serem evitadas. Seu argumento acerca do fato de o ser humano se enquadrar à sociedade moldada pelos holistas também faz sentido, me tornando ainda mais simpatizante de sua ideia. Medidas incrementais e apenas em pontos estratégicos, assim como as sugeridas pela teoria da Engenharia social gradual, costumam ser mais eficientes (claro que não em todos os casos, como podemos ver nas reformas no ajuste fiscal em vários países atualmente) na maioria dos casos.

    ResponderExcluir
  16. Karl Popper foi vítima do dogmatismo de um regime totalitário. Sua vida acadêmica inteira reflete sobre a necessidade que a ciência têm em não virar doutrina. Em “A Lógica da Pesquisa Científica” e “A Sociedade Aberta e seus Inimigos”, Popper diz a característica básica de uma hipótese cientifica e em que tipo de sociedade ela é mais bem desenvolvida. A hipótese, para ser cientifica, precisa ser falseável e o ambiente em que ela se encontra deve permitir tal refutação. Com essas premissas faz-se críticas mordazes á teorias que são na concepção popperiana fé ou pseudociência.

    Em “A Miséria do Historicismo” Popper concentra a critica em dois recursos metodológicos que permeiam as Ciências Sociais: o historicismo e o holismo. O método holístico consiste no estudo do “todo” social, onde se julga possível captar a totalidade de relações sociais sem particularizar. Popper inviabiliza esse conceito, a ciência não poderia apreender “todos”, ela precisa ser seletiva em seus casos. Entretanto, os holistas planejam esse estudo no intuito de controlar e transformar a sociedade “como um todo”, são hipóteses “totalitarizantes”, hipóteses “massificantes”. Mais nisso há a impossibilidade lógica de exercer esse controle, cada novo controle faz surgir novas relações sociais que terão de ser controladas, teria que ser um controle ad infinitum. É uma utopia.
    Já o historicismo prega que é possível prever acontecimentos futuros baseado na evolução histórica dos homens, através de uma lei da evolução humana. Para Popper tal afirmação é ridícula (previsão histórica não é muito o campo da ciência), é impossível testar tal hipótese. O que existe são processos históricos singulares, sem regularidade específica, que nunca irão se tornar uma lei, podem no máximo refletir certas tendências. È a velha “crença” de que a história seja cíclica. Embora dê para prever certos fenômenos através de mecanismos matemáticos, não há nenhum que determine o movimento da sociedade.
    Para Popper existe um contato, uma aliança profana, entre essas duas metodologias que une figuras deveras interessantes. Marx e Comte são historicistas e holistas. Marx, em sua Dialética, vê a história sempre como o embate entre duas forças e que no futuro uma dessas forças irá se sobrepor e resolver os conflitos, nesse ponto ele é historicista, mas também assume perspectiva holista quando a explica a sociedade como o “todo” das relações econômicas sempre. A “física social” de Comte objetivava previsões racionais da “dinâmica social” através da história e o próprio instituiu o holismo como método cientifico.

    Criticando essas posturas Popper está refletindo sobre as origens do determinismo que é fundamento de regimes totalitários. A opção política popperiana é clara, é a “Open Society” que não prevê ou determina um futuro para a sociedade, a História não é vista com algo que se possa prevê o futuro, mas como algo a se espelhar, vendo que a razão humana já produziu dogmatismo nocivo e sem fundamento e que o diálogo e o exercício contínuo da refutação e do confronto de idéias é um risco, mas é a melhor maneira até agora encontrada para se viver. E Popper continua fazendo seu papel histórico, para mim é como se eu pudesse vê-lo de roupa de espartano gritando contra seus inimigos: THIS IS NOT SCIEEEENNNCE!

    ResponderExcluir
  17. Em "A Miséria do Historicismo", Karl Popper critica o historicismo ("uma forma de abordar as Ciências Sociais que lhes atribui, como principal objetivo, o fazer predição histórica, admitindo que esse objetivo será atingível pela descoberta dos “ritmos” ou dos “padrões”, das “leis” ou das “tendências” subjacentes à evolução da História." - nas palavras do autor)
    A princípio, no trecho indicado, Popper fala da necessidade da teoria e da prática e de como uma abordagem pode colaborar ou influir na outra (acredito muito nessa relação de interdependência, afinal uma teoria sem aplicação é uma teoria fraca; uma ação sem teoria pode funcionar muito mal).
    O autor então apresenta o que chama de "Engenharia social de ação gradual" e "Engenharia social holista"; esta, possui uma característica - como Popper diz - mais radical, contudo, acaba - na prática - atuando como a engenharia social de ação gradual, tendo que "caminhar aos poucos", uma questão em relação a essa necessidade, é que assim, a engenharia social holista (ou utópica), acaba agindo com menos planejamento. Como essa "engenharia social utópica" possui uma visão mais radical, Popper apresenta também a visão preconceituosa das pessoas que seguem essa linha, assim como a visão da sociedade como um todo, e não de indivíduos. Segundo Popper, o historicismo segue essa linha utópica, de generalizações, preconceitos e tentativas de previsão, merecendo críticas, afinal, para o autor, a atitude holista é incompatível com a ciência verdadeira.

    ResponderExcluir
  18. Karl Popper critica o historicismo em suas duas vertentes: naturalistas e antinaturalistas. Considerando o historicismo como teoria que consiste em identificar tendências, regularidades e ordens que permitam fazer previsões de acontecimentos futuros. Popper mostra em sua teoria que o historicismo não produz evolução alguma e o critica de modo a mostrar sua inaplicabilidade eficaz nas ciências sociais, já que estão não são previsíveis, não há como saber a conjuntura da sociedade futura, não há uma linha objetiva que demonstre isso.
    A partir disso, Popper critica ainda o holismo, uma vez que esse tenta abranger a sociedade como um todo, seja para explicá-la ou para remodelá-la. Para ele isso era impossível, pois não se pode controlar todas as relações existentes em uma sociedade ao mesmo tempo e modifica-las de uma só vez : “O termo “sociedade” abrange, como é evidente, todas as relações sociais, inclusive as pessoais – as da mãe e seu filho, assim como, as do funcionário de promoção social com uma e outro. Por múltiplas razões, é impossível controlar todas ou “quase” todas essas relações; se não por outro motivo, pelo fato de que cada novo controle de relações sociais faz surgir um novo conjunto de relações sociais a serem controladas”.
    Nesse âmbito, Popper fala da Engenharia gradual que, em detrimento da utópica (holística), planeja uma coisa por vez, consertando os erros cometidos e assim, por partes, produz uma reforma efetiva: “Quem aceita a Engenharia da ação gradual sabe, tal como Sócrates, o quão pouco sabe. Sabe que só errando aprendemos. E, assim, caminhará passo a passo, comparando cuidadosamente os resultados esperados aos conseguidos, sempre alerta para as inevitáveis conseqüências indesejáveis de qualquer reforma; e não se empenhará em reformas cuja complexidade e alcance torne-lhe impossível distinguir as causas dos efeitos e avaliar, exatamente, o que está fazendo.”.

    ResponderExcluir
  19. Karl Popper é considerado por muitos o filósofo mais influente do século XX, e não é por menos. Sua teoria da falseabilidade marcou época e estremeceu a comunidade cientifica. Afinal, foi contra um dos maiores princípios da ciência, o método científico.
    Gosto da idéia de Popper, pois mesmo com minha curta idade e baixíssima experiência de vida, nos últimos anos veio alimentando dentro de mim uma aversão a teoria do método de Bacon e o tratamento que a ciência tem levado de ser uma “verdade absoluta”. O que justifica o fato de que já tenha batido nessa tecla em pelo menos uns três comentários em sua matéria.
    A regra de Bacon, onde a teoria tem de ser verificada, dá liberdade e audácia aos cientistas para que determinem suas idéias como verdades. Já o historicismo, que pressupõe que através de padrões ou tendências, não pode ser legitimizado. Pois, tomando o exemplo as previsões das pesquisas feitas para presidência da república no 1º turno que foram catastróficas, percebe-se que não podemos definir o comportamento de amanhã baseado no de ontem, podemos ter isso como um princípio de previsão, mas não como um método único e legítimo.
    Já o pensamento proposto por Popper contra o historicismo, mas que também pode ser aplicado a toda a ciência, onde através da falsificação pode-se determinar se a teoria é válida ou não, é genial. Pois, mesmo se uma idéia tenha muitas verdades, um erro sequer pode desmontá-la.
    Apesar de existirem críticas a falseabilidade, pelo fato dela mesma ser uma teoria, muitos a legitimizam e concordam. E, isso importando ou não, eu também concordo, porque, mesmo que eu tente, não consigo ver a ciência e suas teorias como algo supremo, e Popper usando o método das falhas deixa a ciência mais humana e passível a erros,o que me desperta uma maior atração por ela.

    ResponderExcluir
  20. Tanto Marxismo, quanto Positivismo acreditavam que seria possível realizar alterações no conjunto social a fim de se chegar em uma sociedade sem falhas.
    Karl Popper foi um grande crítico do Marxismo e do Positivismo, focando no historicismo. O historicismo é uma teoria que consiste em identificar tendências e acontecimentos no presente para, assim, se prever o futuro. O historicismo se divide em duas vertentes: naturalismo e antinaturalismo.
    O naturalismo acredita que os métodos científicos a serem aplicados nas ciências sociais seriam os mesmos das ciências naturais. A corrente antinaturalista, por sua vez, acredita que as ciências sociais possuem forma própria. Karl Popper criticou ambas as correntes por se tratarem de conhecimentos oriundos e dependentes do historicismo.
    Segundo Popper, as ciências sociais não são previsíveis, portanto, o historicismo não produzia efeito nenhum e seria totalmente ineficaz nas ciências sociais.
    Karl Popper, não contente com a quantidade de críticas feitas, ainda critica o holismo. O holismo tenta analisar a sociedade como um todo. Popper acreditava que tal feito era impossível, pois as relações sociais entre as pessoas variam em uma escala gigantesca num mesmo espaço de tempo e seria inviável modificar todas essas relações de uma só vez.
    Popper, para não ficar apenas com fama de crítico, sugere a Engenharia da Ação Gradual, que seria uma resposta ao holismo. A Engenharia da Ação Gradual planeja a reestruturação da sociedade a partir da divisão da mesma em fragmentos para, assim, resolver os problemas sociais.

    ResponderExcluir
  21. Karl Popper, foi um filósofo austríaco e grande crítico do historicismo. Historicismo este que Popper define como um método que cria uma "história teórica" constituída por previsões, baseadas em acontecimentos e comportamentos humanos anteriores.
    Assim, Popper utiliza os sistemas filosóficos, como os de Marx e Hegel, para formular sua crítica. Para ele, é impossível fazer um prognóstico do desenvolvimento histórico social embasado em tais teorias (já que o historicismo se apoia nessas correntes filosóficas de Marx/Hegel). Isso porque os problemas sociais dependem não apenas de situações anteriores, não sendo cíclicos, pois não existe, segundo ele, uma lei sistemática do desenvolvimento histórico.
    Dessa forma, Popper não considera o historicismo como uma ciência, pois esta não joga com esse tipo de "hipóteses" e/ou previsões.

    ResponderExcluir
  22. Karl Popper, em sua obra, apresenta uma clara crítica ao historicismo (teoria que enfatiza a importância da história como padrão de valor e determinante de acontecimentos e que a mesma é capaz de estabelecer determinadas verdades morais e religiosas). Este modo historicista de tentar prever os acontecimentos futuros com base em experiências passadas e presentes é o que Popper critica veementemente, de modo que o mesmo acredita que os acontecimentos sociais não podem ser previstos ou matematizados. Ponto de vista este que distancia Popper de positivistas e marxistas, visto que estas duas tendências tentam demonstrar como a população alcançaria o desenvolvimento através de experiências passadas e analise do modo de vida da sociedade. Popper também se mostra contra qualquer tipo de reforma radical, o que chama de Engenharia Utópica. Em contrapartida ele defende a idéia de uma Engenharia Social Gradual, a qual mudaria as instituições presentes na sociedade de forma gradual e não radical, de modo que nem todas as instituições necessitam de reformas e que mudanças cirúrgicas seriam mais eficientes que mudanças totais. Este ponto de vista radical defendido por alguns intelectuais da época Popper chamava de holismo.
    O modo de ver como devem ser feitas as reformas sociais de Popper influenciou gerações futuras mostrando assim toda a sua importância e contribuição filosófica deixada para os pensadores posteriores.

    ResponderExcluir
  23. Karl R. Popper escreve a obra “A Miséria do Historicismo” no contexto da Segunda Guerra Mundial. O texto tem como título a alusão ao livro de Karl Marx “A Miséria da Filosofia”. Onde Popper através de sua obra critica a visão Historicista nas Ciências Sociais presente, sobretudo no Marxismo e no Positivismo.
    A critica ao Historicismo se deve ao fato deste, se basear em uma visão da história onde a análise do passado permite fazer um prognóstico do que ocorrerá futuramente. Esta é a forma de trabalhar das Ciências Naturais, que tem seus métodos vinculados às leis de causalidade o que não se aplicaria às Ciências Sociais por ser esta dependente de mecanismos que ocorrem de modo aleatório e, portanto são imprevisíveis. Sendo assim o método historicista tem embasamento no conhecimento prévio que se tem de um acontecimento que ocorrerá apenas posteriormente.
    Não é aconselhável confundir a expressão “fato científico” com a expressão “fato verdadeiro”. Por que a Verdade em tese só ocorre quando se tem certeza absoluta em todas as perspectivas do comportamento daquilo que se observa, neste caso a sociedade. Todavia os fatos só são chamados científicos por seguirem um padrão pré-estipulado por alguém que possui limitações e uma visão particular acerca daquilo que observa onde por essas teorias serem ocasionalmente influenciadas pela perspectiva do observador serão refutáveis. Popper assim deseja explicitar o fato de que os fenômenos sociais são tão ou mais complexos que os naturais e toda teoria deve ser suscetível ao “falseamento”.
    O texto baseia-se numa discussão sob os métodos aplicados pelas Ciências Sociais para análise de seu objeto (a Sociedade). A elaboração assim como a publicação de “A Miséria do Historicismo” foram realizadas no apogeu da implementação de ideias positivistas e marxistas em algumas localidades que visionavam uma evolução social, que por sua vez fosse causada por mudanças no meio, atribuindo aos indivíduos um caráter mais ativista de intervenção nos acontecimentos.
    Temos então que o debate popperiano acerca das Ciências diz respeito, sobretudo aos limites do conhecimento humano. Conhecimento que não pode ser julgado como verdadeiro, pois apenas vê-se a realidade para posteriormente interpreta-la através de representações, que estão fundamentadas em outras fundamentações já existentes, para só assim, depois de todo esse processo, se chegar a uma conclusão apenas conjectural. Desta forma a Ciência Social é simplesmente é mais uma forma de retratar o mundo, sendo improvável encontrar regularidades ou um padrão de ordem social intrínseco ao meio, por ele ser fruto do pensamento humano que é imprevisível.

    ResponderExcluir
  24. Professor estou postando só agora, devido a um problema que ocorreu na minha internet ontem, com a solução do problema venho postar meu comentário.

    Karl Popper é considerado por muitos como o maior filósofo do século XX. Em sua obra “A miséria do historicismo", procurou criticar esta teoria, que é um método das Ciências Socias, o qual chega a previsões de eventos futuros, por meio da identificação de tendências ou regularidades. Para ele não há nada que possa garantir que o futuro seja igual ao passado, que um fenômeno observado várias vezes, venha a se comportar da mesma maneira no futuro.
    As teorias sobre o método nas ciências socias podem ser divididas em duas: as teorias naturalistas e as teorias anti-naturalistas.
    As teorias anti-naturalistas segundo Popper, são aquelas em que os métodos científicos na Física não podem ser utilizados pelas Ciências Sociais, devido às diferenças existentes entre essas, como mostra no trecho a seguir: "As leis físicas, ou “leis da natureza”, diz-nos o historicismo, são válidas sempre e em todos os lugares, pois o mundo físico é governado por um sistema de uniformidades físicas, invariáveis no espaço e no tempo. De outra parte, as leis sociológicas, ou leis da vida social, são diversas em diferentes lugares e épocas. Embora o historicismo admita que haja, marcadas pela tipicidade, muitas condições sociais cuja recorrência regular pode ser observada, nega que as regularidades identificáveis na vida social tenham o caráter das regularidades imutáveis do mundo físico. E isso porque dependem da História e das diferenças de cultura. Dependem de uma particular situação histórica."
    As teorias naturalistas segundo Popper são aquelas em que consideram existir elementos comuns entre os métodos adotados pela Física e pelas Ciências Sociais, pois ambas seriam um ramo teórico e empírico do conhecimento.Dando-a como disciplina teórica, é de nossa intenção dizer que a Sociologia deve explicar e prever eventos, valendo-se de teorias e de leis universais (que procura descobrir). "Dando-a como disciplina empírica, é de nossa intenção afirmar que se apóiam na experiência, que os eventos por ela explicados e previstos são fatos observáveis e que a observação é a base para aceitar ou rejeitar qualquer teoria acaso proposta."
    Ele crítica tanto o marxismo, como o positivismo, por se basearem suas teorias no historicismo.
    O autor critica também o holismo, que busca estudar o "todo" da sociedade, para ele isso seria inviável, a ciência não seria capaz de compreender o "todo", das relações sociais, ela deveria buscar o conhecimento de maneira fragmentária, por meio de uma ação gradual.

    ResponderExcluir
  25. Karl Popper - "CIÊNCIA SOCIAL E PROGNÓSTICO"
    Karl Popper é considerado por muitos como o filósofo mais influente do século XX a tematizar a ciência. Foi também um filósofo social e político de estatura considerável, um grande defensor da democracia liberal e um oponente implacável do totalitarismo.
    No livro The Poverty of Historicism, Popper analisa os métodos de interpretação das ciencias sociais, tanto as aplicadas( econômia e política por exemplo) e sociologia, para entender as interções entre os seres humanos.
    Qual seria então a maneira de entender o método? Para Popper o Historicismo utiliza de dadas estruturas, com as quais as ciências sociais seriam capazes de determinar eventos na sociedade.
    Ele submete ao exame, o prestigio do historicismo; debate sobre o método, principalmente as ciências naturais. Mas aparece uma maneira um tanto problemática para por exemplo a física einsteiniana, devida às dificuldades de explicar as ciências naturais com o historicismo. A maneira de se entendê-los era compátivel com a ideia que o homem fazia da natureza, do mundo. Depois da revolução a partir do seculo XX, essa ideia muda. O mundo pode nao ser do jeito que enxergamos; não há garantia do que está se falando. Às vezes não dá para explicar as razões dos fenomênos. Ciências naturais são basicamente invenções do homem.
    A partir daí a ciência deixa de ser VERDADE sobre o mundo, e as discussões metodológicas das ciências naturais se desloca às ciências sociais para os fenômenos da sociedade. Conflitos nas ciências sociais, sâo um pouco mais perigosos que nas ciências naturais, justamente por tratar de relações entre as pessoas.
    Então, criticada a visão historicista, o que vem no lugar?
    A visão holística - global, compreensiva.
    Existem abordagens totais, globais, definidas, para abarcar mais coisas alem do comum.
    Por exemplo, o positivismo e o marxismo têm uma visao global, por ter caráter internacional. para funcionarem plenamente, necessitam abordar a todos. Se isso não acontece, esses métodos de classificação da sociedade não funcionarão..
    Existe também a maneira fragmentária, que dado um certo número de razões , não temos nas ciências sociais, a capacidade de construir, predizer, os eventos da sociedade, por que isso cabe às ciências naturais.
    Não é possível, nessa nova concepção, a criação de "leis universais" - há várias reações diversas para uma ação nas ciências sociais, coisa que nas ciências naturais nao acontece.

    obs: texto entregue fora do prazo, mas com a autorização do professor

    ResponderExcluir
  26. Karl Popper - "CIÊNCIA SOCIAL E PROGNÓSTICO"
    Karl Popper é considerado por muitos como o filósofo mais influente do século XX a tematizar a ciência. Foi também um filósofo social e político de estatura considerável, um grande defensor da democracia liberal e um oponente implacável do totalitarismo.
    No livro The Poverty of Historicism, Popper analisa os métodos de interpretação das ciencias sociais, tanto as aplicadas( econômia e política por exemplo) e sociologia, para entender as interções entre os seres humanos.
    Qual seria então a maneira de entender o método? Para Popper o Historicismo utiliza de dadas estruturas, com as quais as ciências sociais seriam capazes de determinar eventos na sociedade.
    Ele submete ao exame, o prestigio do historicismo; debate sobre o método, principalmente as ciências naturais. Mas aparece uma maneira um tanto problemática para por exemplo a física einsteiniana, devida às dificuldades de explicar as ciências naturais com o historicismo. A maneira de se entendê-los era compátivel com a ideia que o homem fazia da natureza, do mundo. Depois da revolução a partir do seculo XX, essa ideia muda. O mundo pode nao ser do jeito que enxergamos; não há garantia do que está se falando. Às vezes não dá para explicar as razões dos fenomênos. Ciências naturais são basicamente invenções do homem.

    ResponderExcluir
  27. parte dois

    A partir daí a ciência deixa de ser VERDADE sobre o mundo, e as discussões metodológicas das ciências naturais se desloca às ciências sociais para os fenômenos da sociedade. Conflitos nas ciências sociais, sâo um pouco mais perigosos que nas ciências naturais, justamente por tratar de relações entre as pessoas.
    Então, criticada a visão historicista, o que vem no lugar?
    A visão holística - global, compreensiva.
    Existem abordagens totais, globais, definidas, para abarcar mais coisas alem do comum.
    Por exemplo, o positivismo e o marxismo têm uma visao global, por ter caráter internacional. para funcionarem plenamente, necessitam abordar a todos. Se isso não acontece, esses métodos de classificação da sociedade não funcionarão..
    Existe também a maneira fragmentária, que dado um certo número de razões , não temos nas ciências sociais, a capacidade de construir, predizer, os eventos da sociedade, por que isso cabe às ciências naturais.
    Não é possível, nessa nova concepção, a criação de "leis universais" - há várias reações diversas para uma ação nas ciências sociais, coisa que nas ciências naturais nao acontece.

    trabalho postado depois do prazo mas com autorização do professor

    ResponderExcluir
  28. Popper, no texto analisado critica o historicismo, que em suma é a tentativa de analisar o histórico de uma sociedade e com base nesse poder assumir certos padrões de desenvolvimento.
    O autor nega que esse determinismo, e uma dita Engenharia Utópica (para o autor há um laço entre essas duas correntes: holismo e historicismo), esta prega uma reforma total da sociedade em todas as suas raízes de uma forma geral, para ele parece impossível. Para Popper as mudanças na sociedade através de pequenas mudanças e transições que posteriormente levariam ao objetivo maior de reforma. Enfim, para Popper é impossível, utópico analisar analiticamente uma sociedade em seu todo, essa análise e eventuais reformas devem ser parciais.
    Popper não prevê um tipo de futuro para a sociedade, mas a história sem dúvida pode ser algo a se espelhar. Os feitos e erros da razão humana cometidos no passado podem apenas ser tidos como exemplo, e não como qualquer algoritmo que nos permita assumir um tipo de futuro.

    Desculpe o atraso, professor. Tive uns problemas em postar os comentários e estou postando os 2 atrasos agora.

    ResponderExcluir
  29. O método historicista é até hoje de uso amplo para grande parte das ciências sociais, principalmente nos ramos de fundamentação metateórica dialética, isto é, nas correntes científicas baseadas nos sistemas filosóficos do par Hegel/Marx. Com isso se percebe que Popper dedica o seu trabalho basicamente às Ciências Sociais, uma vez que o método historicista é de aplicação quase que exclusiva nessas Ciências.

    Entre os principais problemas do historicismo é a impossibilidade de se fazer qualquer predição científica do desenvolvimento histórico com bases em teorias que tencionem buscar as leis do desenvolvimento histórico. Assim, qualquer predição que diga respeito ao futuro da História seria baseada em argumentos sem fundamentos lógicos por conta de que, dada a complexidade desse tipo de processo, os acontecimentos e transformações que decorrem da interação social de indivíduos, classes, instituições e idéias dentro de uma sociedade desencadeiem formações, por assim dizer, inesperadas. Isto porque os arranjos sociais são mutuamente influenciados pela sua situação anterior, das quais foram gerados, e também pelo momento presente, de modo que é impossível asseverar que uma certa conformação social seja passível de ser explicada por um conjunto de leis do desenvolvimento histórico criadas para predizer o futuro. Esta é, em suma, a espinha dorsal da argumentação de Popper.

    Contudo, esta não se resume a isto, dado que se desenvolve nos trechos seguintes, III e IV, a crítica das doutrinas historicistas. Neste momento surge a questão da finalidade prática das teorias científicas, como exemplificado pela citação de Kant, logo no primeiro parágrafo da parte III, na qual se diz de que forma os problemas práticos seriam importantes para humanidade, da qual Popper é partidário. E nessa medida se dá uma outra incapacidade do método historicista, uma vez que ele se pretende orientar a ação política. Popper contrapõe a isso o que chama de tecnologia da ação gradual. Disso gera a distinção entre a Engenharia de ação gradual e Engenharia utópica. A primeira se remete a um tipo de fundamentação que não compartilha dos mesmos princípios do método historicista; a segunda, ao contrário, é estritamente vinculada ao historicismo. Entre os problemas gerados pela segunda estão a dificuldade de se lidar com imprevistos no que diz respeito a implementação da transformação social, uma vez que com ela é necessário um controle autoritário e de estrema centralização; as dificuldades geradas são normalmente corrigidas com grandes custos de modo a reorientar um certo processo desviante ao plano inicial. Isso porque uma transformação orientada por princípios historicistas está submetida a um arcabouço de orientações previamente deliberado, que é justamente o esquema teórico do desenvolvimento histórico, comum às teorias historicistas.

    ResponderExcluir
  30. Por outro lado a Engenharia de ação gradual tem como diferencial justamente a capacidade de reorientação que não está presente, ao menos com a mesma intensidade, na Engenharia utópica. Num esquema de ação gradual, baseado em fundamentos de ordem não historicista, é possível que desenvolvimentos não intentados sejam observados e, ao mesmo tempo, saber porque tal se deu de uma forma e não outra e, após isso, esboçar um segundo plano de modo a reorientar o restante do processo. E isto após detida análise, buscando-se saber quais são as causas desse processo desviante e qual instrumental será utilizado para que o plano original possa ser restabelecido. Os controles sobre um planejamento desse tipo são, por outro lado, universalistas porque não se baseiam em um corpus teórico já definido de antemão. Ao contrário estão sob condição de constante teste e modificação, posto a sua formação, baseada em princípios que obedecem as regras do jogo científico, isto é, são esquemas que podem ser testados, e, se não corroborados, modificados, ampliados ou abandonados por completo em função de ser ter desenvolvido uma outra forma mais adequada para os fins propostos.

    Por fim, Popper, nos trechos finais de seu trabalho, dá uma grande contribuição à metodologia das ciências, que é o seu princípio de unidade metodológica das ciências, segundo o qual todas as Ciências Empíricas, sejam elas sociais ou naturais, compartilham das mesmas regras lógicas e epistemológicas, diferenciando-se apenas no que diz respeito ao enfoque do seu objeto, isto é, diferenciando-se quanto ao instrumental técnico e teórico de investigação de cada ciência, adequado ao seu escopo particular. Ao mesmo tempo, isto serve como contrapartida ao conjunto de afirmações, ainda muito em voga no período hodierno, de que a natureza das Ciências Sociais é completamente diversa da das demais Ciências Empíricas, tais como a Física, Geologia, Biologia ou Química. Dito de forma bem simples, as correntes historicistas lançam mão de argumentos obscuros de um ponto de vista metateórico de modo a validar uma Metodologia, aos olhos de Popper, inteiramente questionável.

    Justificativa da demora: problemas pessoais

    ResponderExcluir